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Jair Bolsonaro presta continência ao Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, John Bolton, no Rio de Janeiro Jair Bolsonaro presta continência ao Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, John Bolton, no Rio de Janeiro
30/11/2018

EDITORIAL: A CONTINÊNCIA DE BOLSONARO AO IMPERIALISMO DOS ESTADOS UNIDOS

O presidente eleito Jair Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército brasileiro, corre o risco de ser apelidado de incontinente tamanho é seu afã em prestar continência, sobretudo em situações em que este cumprimento militar a rigor não se aplica.

Na manhã dessa quinta-feira (29), recebeu, em sua residência, no Rio de Janeiro, o Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, John Bolton, a quem prestou continência. Como já havia feito antes, na reta final da campanha eleitoral, em outubro quando, em Miami, prestou (também irregularmente) continência à bandeira Estados Unidos.

Foram duas situações fortemente à margem das normas militares e que não se coadunam com o Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das Forças Armadas (RCont), que determina – detalhadamente, como costumam ocorrer nos regulamentos militares – como deve ser a prestação de cumprimentos e homenagens de militares a militares ou a civis e a símbolos nacionais, como a bandeira e o hino nacional.

Aquele regulamento é claro: "A continência parte sempre do militar de menor precedência hierárquica", e deve ser prestada a seus superiores. Estabelece também as normas para quando os militares estejam em trajes civis (que era o caso: Bolsonaro não estava fardado): “o militar deve tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, com a cabeça descoberta”. E não bater continência.

Bolsonaro extrapolou em servilismo ao prestar continência a John Bolton, como fizera antes em relação à bandeira estampada de estrelas.

Cometeu duas irregularidades. Uma protocolar: estando em trajes civis, um militar (e Bolsonaro já não o é faz tempo) não presta continência, mas mantém-se em posição respeitosa. A outra é muito mais grave: a continência prestada por ele a uma autoridade e a uma bandeira estrangeiras (principalmente àquela que serve de mortalha aos povos e à soberania das nações: a dos EUA) é um gesto de submissão, de reconhecimento da superioridade do outro, que é inadmissível naquele que está às vésperas de se tornar o chefe de Estado de uma nação soberana, o Brasil. Gesto de servilismo e subalternidade que indica a quem o próximo presidente da República brasileiro pretende servir em seu mandato.

Fonte: Portal Vermelho | Foto: REPRODUÇÃO - 29.11.2018/NEXO JORNAL LTDA.

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