Informativo

26/11/2018

QUEREM TRANSFORMAR O PAÍS NUMA NEOCOLÔNIA PETROLÍFERA

O professor  da USP e  ex-diretor da Petrobras, Ildo Sauer,  garante que empresa tem capacidade para investir no pré-sal e destaca que Brasil é peça no jogo geopolítico.

Não falta financiamento à Petrobras para desenvolver a produção de petróleo, destaca o professor Ildo Sauer, ex-diretor de Energia e Gás da estatal. O especialista denunciou que o novo governo quer subordinar os interesses do país às grandes potências, ao sistema financeiro e às multinacionais do petróleo. “Querem transformar o Brasil numa neocolônia petrolífera”, alertou o vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE).

“Quem tem reservas e tem capacidade tecnológica e de gestão para produzir diretamente, ou em associação, não tem como não obter recursos financeiros. Isso ocorre porque o custo direto da produção de petróleo é de US$ 10, e ele é vendido agora a US$ 80. É um sistema com alto excedente. A própria China, para quem o Brasil exporta petróleo, financiaria a Petrobras”, afirmou, em entrevista ao jornal Hora do Povo.

“O sistema financeiro quer afastar os controles governamentais sobre as áreas estratégicas para mandar nos processos de financiamento. Assim ele consegue extrair para si mais excedentes do petróleo. E quer fazer isso com o uso dos instrumentos especulativos criados com o neoliberalismo, que se implantaram no mundo a partir de Wall Street. Neste governo, ao que tudo indica, é esta a lógica que vai prevalecer”, analisou.

Sauer sustentou que o Brasil é o foco da disputa geopolítica mundial entre os países da OCDE mais a China, para desestabilizar a hegemonia da Opep, liderada pela Arábia Saudita mais a Rússia. “A Opep trabalha para manter o preço do petróleo elevado e, com isso, se apropriar da maior parte dos benefícios do petróleo em favor dos países produtores. De outro lado está a OCDE, comandada pelos EUA, mais a China, que querem transladar esses benefícios para os países consumidores de petróleo. Tirar a Petrobras da frente faz parte desse jogo”, assinalou.

O Brasil estará entre os países com grandes reservas no mundo, com mais de 100 bilhões de barris, quando a Venezuela, a maior reserva mundial, tem 300 bilhões de barris, e a Arábia Saudita, 270 bilhões.

Fonte: Monitor Mercantil | Foto: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados

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