Informativo
CENTRÃO AMEAÇA BOLSONARO DIANTE DE RECESSÃO E BAIXA POPULARIDADE
Ministros do STF (Supremo Tribunal
Federal) e dirigentes de partidos do centrão condicionam o futuro das relações
com o governo ao comportamento que Jair Bolsonaro adotará nas manifestações do
7 de Setembro e nos dias posteriores aos protestos.
A apuração é da reportagem da Folha
de S. Paulo baseada em conversas reservadas com membros da cúpula dos
partidos interessados em publicar indiretas ao presidente. Essas conversas
revelam que a baixa popularidade do presidente nas pesquisas de opinião pública
e o agravamento da situação econômica criam riscos enormes para os partidos que
apoiam o presidente frente à eleição que se avizinha.
Segundo a reportagem, integrantes da
corte já enviaram recados a Bolsonaro e aos presidentes da Câmara e do Senado
de que o avanço das negociações em busca de uma saída para o rombo dos
precatórios, que ajudaria o governo a reformular o Bolsa Família, só deve
ocorrer se o chefe do Executivo para de atacar o tribunal e os ministros. A
medida é vista pelo STF como forma de apaziguar as relações entre poderes.
De
outro, líderes de siglas do centrão que hoje dão sustentação a Bolsonaro
passaram a ver o desembarque do governo no ano que vem quase como inevitável,
diz a Folha, caso ele continue
se comportando em desacordo com a democracia e o respeito aos três poderes.
A cúpula dos partidos faz um cálculo pragmático e eleitoral,
baseado na queda vertiginosa de Bolsonaro nas pesquisas, com possibilidade de
derrota para qualquer outro candidato. Além disso, o cenário desfavorável na
economia em 2022 não dá sinais de reação relevante do governo.
A ideia das siglas não seria sair já, até porque as legendas que
compõem o centrão, como PP, PL, Republicanos, entre outros, têm
cargos na máquina federal e prioridade na liberação de emendas. Mas até em
impeachment já se pensou, caso Bolsonaro tente sabotar o processo eleitoral,
pois o tom entre eles é de que pode-se proteger o governo, mas não o
presidente.
O
próprio clima das ruas, que deve se expressar no 7 de setembro, pode ser usado
a favor ou contra o presidente. Partidos aliados e Suprema Corte estão atentos
ao que acontecerá nesta semana. Bolsonaro não dá sinais de distensionar, apenas
acentua ainda mais as críticas ao Judiciário nas últimas horas e incita os
manifestantes. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a afirmar
que Bolsonaro seria o único a perder se houver tumulto na manifestação.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, teria passado a peregrinar
nos gabinetes do Supremo, onde ouvir do ministro Gilmar Mendes que caso Bolsonaro
não cesse os ataques ao tribunal, será difícil criar o ambiente favorável à
solução dos precatórios. Dentro do governo, as fontes afirmam serem pessimistas
em relação a esse tema.
Embora discordem das bravatas de Bolsonaro, ministros moderados
avaliam que o Supremo, em especial Alexandre de Moraes, tem extrapolado suas
competências e agido com abuso de autoridade ao prender Roberto Jefferson, por
exemplo. Até ministros do Supremo mais isolados estão convergindo na defesa dos
colegas e contra o governo.
Os organizadores começam a moderar o tom da
manifestação, embora se contradigam. O Brasil Livre fala em evitar acusações de
manifestação antidemocrática e envolvida em financiamento suspeito. Fala ainda
em defesa do STF, desde que “dentro das quatro linhas da Constituição”. O Nas
Ruas defende o voto impresso auditável e a liberdade de expressão. Alguns
pensam em estratégias pacifistas para evitar criminalização do movimento. Mas
há propostas radicalizadas também, assim como reivindicações genéricas e/ou absurdas,
que não fazem sentido em termos legais, revelando o desconhecimento da dinâmica
republicana. Alguns falam em só sair das ruas quando forem atendidos em suas
reivindicações.
Fonte: Portal Vermelho
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