Informativo
LIDERANÇAS DA CTB FAZEM RETROSPECTIVA E BALANÇO DE 2020
Trabalhadoras
do Brasil (CTB). Entrevistado pelo Portal CTB, o dirigente faz uma
retrospectiva e um balanço de 2020.
Portal
CTB: No contexto de grave crise sanitária, econômica, social e
política, que balanço você faz do ano 2020?
Cleber
Rezende: O ano de 2020 iniciou esperançoso de muitas lutas contra os
ataques do Governo Bolsonaro à classe trabalhadora e a democracia, com a
perspectiva de eleição de lideranças democráticas, populares e de líderes
sindicais para prefeitos e vereadores, abrindo vereda para grande retomada de
um novo projeto nacional de desenvolvimento no Brasil.
Fomos surpreendidos com a pandemia da Covid-19 que paralisou
tudo e segue ceifando vidas, empregos e economias mundo afora. Tivemos que
ajustar, na marra, novas formas de trabalho, de lutas e organizações, de contratos
de trabalhos, enfrentar várias medidas do governo federal contra os
trabalhadores.
A CTB e seus Sindicatos desenvolveram muitas lutas na defesa da
prevalência dos acordos coletivos de trabalho, de novas negociações no contexto
da crise sanitária e econômica para preservar vidas, saúde, direitos, salários,
empregos e renda dos trabalhadores e trabalhadoras.
Realizamos, pela CTB/Pará, varias live’s nos mais diversos temas
e áreas de atuações, com as demais centrais sindicais construímos e realizamos
o 1º maio virtual, entre outras lutas. A CTB realizou um seminário sobre a
reforma administrativa, evento misto entre presencial e virtual, com
aproximadamente 50 lideranças sindicais presentes e mais de 2 mil acessos na
página da Central, além dos atos públicos contra a reforma administrativa e do
grito dos excluídos denunciando as mais de cem mil mortes, à época.
No front da grave crise sanitária, econômica, social e política
participamos das lutas sindicais e das eleições municipais, elegendo 5
vereadores sindicalistas da CTB em Belém, Altair Brandão/PCdoB presidente dos
Sindicato dos Rodoviários, dos professores e dirigentes dos sindicatos da
educação em Aurora do Pará, Prof. Carlinho/PCdoB, Prof. Irã Araújo, em Rio
Maria, Prof.ª Rosa Mônica/MDB em Santana do Araguaia e de Marcela Salazar/PDT,
presidenta do STTR de Tucumã, bem como participamos efetivamente da vitória do
deputado federal o professor Edmilson Rodrigues, para prefeito de Belém.
É um balanço que mescla derrotas e vitórias, o mais importante é
manter viva a chama da esperança e da construção de dias melhores para a classe
trabalhadora. Nutrindo a máxima: CTB, a luta é pra valar!
Portal
CTB: O governo não encontra respostas para saída da crise e aponta
para o aprofundamento de uma política de concessões e privatizações,
ressaltando que os investimentos privados salvarão a economia. Qual a sua
avaliação?
Cleber
Rezende: O ano 2020 tende encerrar próximo de 200 mil mortos pela
covid-19, o desemprego em taxas alarmantes de mais de 14%, um governo negacionista,
corrupto e genocida agravando a crise sanitária, social e econômica. O SUS foi
o principal aparato para amenizar os efeitos da crise, garantir saúde e salvar
vidas. O papel do Estado enquanto indutor do desenvolvimento e resolução dos
problemas de nosso povo é determinante. O diferencial é a visão dos gestores e
quais interesses defendem, a partir de seu gestor, o Presidente da República.
Bolsonaro está para atender os interesses do capital e criminalizar a classe
trabalhadora.
Avaliamos que precisamos de ampla mobilização da classe
trabalhadora e do conjunto das forças democráticas e populares para barrar os
retrocessos, as concessões e privatizações, intensificar as lutas em defesa dos
interesses e direitos da classe trabalhadora, do patrimônio público, contra a
reforma administrativa, acumulando forças para derrotar Bolsonaro e sua
política entreguista, na retomada de um novo projeto nacional de
desenvolvimento nacional, da democracia e das mais amplas liberdades do povo
brasileiro.
Portal
CTB: Como garantir a sobrevivência do movimento sindical e a
preservação dos direitos trabalhistas?
Cleber
Rezende: O movimento sindical brasileiro deve ser sustentado pelos
trabalhadores, nas mais variadas formas, por exemplo, o sistema S recebe
repasses do Estado, dos impostos das brasileiras e brasileiros, recursos para o
empresariado. E uma contribuição, do próprio trabalhador, como a contribuição
sindical é criminalizada pela mídia e pelos conservadores, o objetivo é
enfraquecer o movimento. Devemos cada vez mais, enraizar nossas relações com as
bases sindicais, com a classe trabalhadora e buscar formas seguras e
substanciais de sustentação do movimento sindical, para fortalecer os
instrumentos de defesa e preservação dos direitos e interesses dos trabalhadores
e trabalhadoras, fortalecendo a estrutura sindical brasileira.
Portal
CTB:A pandemia agravou o drama do desemprego. É possível a geração
de emprego e renda nos marcos da atual política econômica, com congelamento dos
investimentos públicos e sem um plano ou projeto nacional de desenvolvimento?
Cleber
Rezende: A pandemia evidenciou a incapacidade política e o desprezo do
governo Bolsonaro com a classe trabalhadora, agravando o desemprego, a miséria
e a fome do nosso povo. Não é possível gerar empregos e distribuir rendas com a
política econômica de Estado mínimo de Paulo Guedes e Bolsonaro. A lógica deles
é de congelamento de investimentos públicos, privatizações e retirada de
direitos dos trabalhadores, em benefício dos mais ricos, dos banqueiros e
empresários. O Brasil precisa, rapidamente, de um novo projeto nacional de
desenvolvimento, com retomada do crescimento e da geração de empregos.
Portal
CTB: O que fazer para superar a atual crise e deter a tendência de
uberização das relações sociais de produção?
Cleber
Rezende: Nos marcos do governo Bolsonaro não há saídas. Precisamos
de um novo projeto nacional de desenvolvimento, com a retomada do crescimento
econômico e da geração de empregos. De uma política de reindustrialização, de
apoio e fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas, da agricultura
familiar, de retomada das grandes obras estruturantes no país, da política de
habitação enquanto instrumentos de geração de empregos, a defesa da manutenção
do auxilio emergencial até o fim da crise sanitária, para garantir a
sobrevivência dos desempregados.
Por
outro lado, a desregulação das relações de trabalho, a uberização, eleva a
precarização social do trabalho e penaliza e trás adoecimento aos
trabalhadores. Os avanços tecnológicos e científicos devem ser usados para
elevar e avançar as forças produtivas, valorizar a força de trabalho, melhorar
as condições do exercício laboral, de vida, garantir bem estar-social,
assegurar melhores condições de mobilidade urbana, de acesso à saúde, de
atender as necessidades humanas, não apenas atender os interesses do capital. O
caminho é a resistência, a luta de classe, as mudanças nas forças políticas
centrais, para colocar o Estado a serviço dos trabalhadores e dos interesses
nacionais, com retomada do desenvolvimento do Brasil.
Fonte: Portal CTB
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