Informativo
CLT PODE SER MORTA NESTA TERÇA POR UM GOVERNO ILEGÍTIMO
247 - Sem qualquer legitimidade, por ter chegado ao poder por meio de um golpe parlamentar e ser alvo de denúncia de corrupção passiva, Michel Temer pode matar conquistas históricas dos trabalhadores nesta terça-feira 11.
O Senado deverá votar a proposta de reforma trabalhista do governo, depois que a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, negou pedido feito por 18 senadores da oposição para suspender a tramitação.
No mandado de segurança, os parlamentares queriam a suspensão da tramitação por alegarem a necessidade da realização de cálculos do impacto da lei nos cofres públicos, como determinaria a Emenda Constitucional dos Gastos Públicos. Na decisão, a ministra entendeu que o Judiciário não pode fazer interferência nos atos do Congresso antes da aprovação da matéria.
Nesta segunda-feira 10, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) condenou a proposta de reforma trabalhista de Temer, destacando que ela fere convenções brasileiras. O documento foi uma resposta a consulta feitos por seis centrais sindicais brasileiras, entre elas CUT e CTB (confira aqui).
Na véspera da votação, movimentos sociais também foram às ruas em São Paulo para protestar contra as medidas. Os manifestantes pediram ainda a saída do presidente da República, Michel Temer, e a realização de eleições diretas para a presidência. Centrais sindicais também irão se mobilizar em Brasília nesta terça, a fim de pressionar os senadores para que votem contra a reforma.
Confira abaixo texto publicado no site do PSOL com as principais medidas da reforma proposta por Temer, que mostram que ela muito pior do que se imagina.
Reforma trabalhista: ela é pior do que você imagina
Por Clarissa Viana - O PLC 38/2017, conhecido como a reforma trabalhista, ao que tudo indica será votado nesta terça-feira (11) no plenário do Senado – colocado na pauta em regime de urgência, o governo Temer já teria conseguido maioria de votos dentre os senadores.
Contendo uma série de vícios legais e dispositivos de flagrante inconstitucionalidade que inclusive foram apontados em recente parecer elaborado pela Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, o projeto tem tido sua tramitação acelerada ao máximo a fim de garantir sua aprovação o quanto antes, a despeito da crise institucional em curso. A ordem é garantir que ela passe, custe o que custar.
O número de alterações legislativas contidas na reforma (que atingem desde normas de direito material até as normas processuais) é tamanho que dificulta, muitas vezes, a compreensão de sua dimensão e mascara os impactos que, caso aprovada, ela irá causar aos trabalhadores.
Aqui destacamos algumas das principais medidas:
1. A ampliação explícita da terceirização para as atividades-fim das empresas;
2. A permissão de contratação dos empregados pela via da pessoa jurídica (através da já conhecida pejotização) e do micro-empreendedor individual (MEI), sem que isso configure uma relação empregatícia (e, portanto, sem a proteção nas normas celetistas);
3. A criação do contrato intermitente, também conhecido como contrato zero-hora, no qual o empregado é chamado para trabalhar de acordo com a necessidade da empresa e é remunerado tão somente pelas horas efetivamente trabalhadas, sem uma garantia de jornada diária e de salário mínimo mensal;
4. A introdução da figura da rescisão do contato por acordo, onde o trabalhador dispensado da empresa recebe metade da indenização do FGTS e do aviso prévio, pode sacar somente 80% dos depósitos feitos no seu FGTS durante o contrato e perde o direito de se habilitar no programa do seguro-desemprego;
5. A criação do termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, que impede o trabalhador de posteriormente reclamar as verbas não pagas em uma ação trabalhista para o período abrangido pelo termo;
6. Flexibilização da jornada de trabalho através de acordo feito entre o empregador e o empregado (na instituição do banco de horas e na compensação 12×36), com a permissão de jornada de até 12 horas diárias e 48 horas semanais;
7. A possibilidade de fracionamento e redução do intervalo intrajornada por negociação coletiva e de sua supressão nas jornadas de 12×36;
8. A prevalência do negociado sobre o legislado, através da qual são consideradas válidas as normas coletivas que preveem menos direitos que a CLT ou a Constituição Federal;
9. A permissão do trabalho de grávidas e lactantes em locais com grau de insalubridade médio ou mínimo;
10. A limitação das indenizações por dano moral, que passam a ser com base do salário da vítima.
Como já dito, essas são apenas algumas das alterações propostas pelo PLC em discussão. Longe de atingir somente os trabalhadores da iniciativa privada, a previsão de terceirização de todas as atividades abre margem, inclusive, para o fim dos concursos e contratação para os serviços públicos através de uma empresa terceirizada.
A reforma trabalhista, em suma, representa a corrosão total do Princípio Protetivo que norteia o Direito do Trabalho, segundo o qual o trabalhador é considerado hipossuficiente em relação ao empregador, demandando maior proteção legal e normas que impeçam que este, com seu poder de admissão e demissão, exija daquele trabalho para além de limites mínimos estabelecidos por lei.
Com suas alterações, a reforma parte da premissa que não mais existe essa desigualdade entre as partes, o que não poderia representar disparidade maior com a realidade social do país.
Acima de tudo, a retirada de direitos trabalhistas não resolve os problemas que a reforma pretende sanar: longe de ser medida apta a reduzir os índices alarmantes de desemprego e perda do poder de compra da classe trabalhadora, em verdade ela representa o aprofundamento do processo de precarização da vida, aplicado em escala global e que busca recompor as taxas de lucratividade do capital no contexto de sua crise estrutural.
Seus efeitos são particularmente sentidos por mulheres e pela população negra e LGBT, que compõem a maioria dos trabalhadores precarizados no Brasil.
Lutar contra a reforma trabalhista, que
beneficia os empresários em detrimento da imensa maioria da população
brasileira, deve ser central na agenda da esquerda. Diante de uma crise que não
causamos, não podemos deixar que a sua solução seja o comprometimento dos
nossos direitos e a legalização da submissão dos trabalhadores a condições
desumanas de trabalho.
Veja mais
-
DILMA BEM QUE AVISOU...
247 - Antes de ser deposta pelo golpe parlamentar de 2016, a presidente legítima Dilma Rousseff alertou a população brasilei ...24/07/2017 -
Vale-Tudo: salvação de Temer custará R$ 300 bilhões aos brasileiros
A salvação de Temer, acusado de corrupção, além dos prejuízos políticos para o país, tem um custo econômico altíssimo. Os R$ 11 ...24/07/2017 -
Abimaq: Aumento de impostos revela fracasso da equipe econômica
Para o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o aumento d ...21/07/2017 -
Centrais vão a Brasília e propõem alternativa ao fim da contribuição sindical
Representantes do movimento sindical reuniram-se quinta-feira (20) com o presidente Michel Temer e sugeriram uma alternativa ao ...21/07/2017 -
Dieese alerta que a nova lei trabalhista visa afastar o trabalhador do sindicato
Aprovada pelo Senado Federal, no último dia 11 de julho, a reforma trabalhista, dentre outras medidas perversas, decreta o fim d ...20/07/2017 -
Reformas de Temer são legados da escravidão, diz Ciro Gomes
“Essas reformas são um legado escravista", afirma Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará (1991-1994), a respeito das reformas ...20/07/2017 -
Inconstitucionalidades da reforma podem criar batalha jurídica, diz advogado e assessor da CTB
O impasse em torno da aplicação da reforma trabalhista promete gerar uma batalha jurídica. A opinião é do advogado trabalhista M ...19/07/2017 -
"Reforma trabalhista de Temer não gerará emprego", afirma presidente do TRT de São Paulo
"É importante que o trabalhador compreenda que esta reforma não é a chave para a solução do emprego no país. Ela tem sido vendid ...18/07/2017 -
"Reforma implode consumo e transforma mercado de trabalho em selva"
Para o economista Guilherme Mello, a reforma trabalhista sancionada por Michel Temer não deverá gerar crescimento, emprego ou re ...18/07/2017 -
Porque a direita teme a eleição de 2018
Em toda a história republicana o Brasil nunca viveu uma crise semelhante à atual, caracterizada pelo maior e mais profundo divór ...17/07/2017 -
Ação popular por anulação do golpe avança com Lula e Chico Buarque
Comitês em diversas capitais se mobilizam para coletar 1,3 milhão de assinaturas para pressionar o STF a anular o impeachment de ...17/07/2017 -
"A luta em defesa dos direitos dos trabalhadores vai continuar", avisa presidente da CTB-RS
Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS e da Fecosul (Federação dos Comerciários do RS) , que esteve em Brasília com dirigentes sind ...14/07/2017 -
Temer sanciona reforma que ataca direitos do trabalhador
Em uma cerimônia cujos discursos pareciam tratar de uma realidade paralela, o presidente Michel Temer sancionou, nesta quinta (13 ...14/07/2017 -
Movimentos: Sentença contra Lula consuma golpe contra trabalhadores
Em entrevista ao Portal Vermelho nesta quarta-feira (12), dirigentes de movimentos sociais e sindicais criticaram a condenaç ...13/07/2017 -
Sentença contra Lula fere todos os princípios do direito
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, condenou o ex-presidente Luiz Ináci ...13/07/2017 -
Sicsú: Reforma trabalhista faz país regredir aos tempos de colônia
A contrarreforma que objetiva subtrair os direitos dos trabalhadores produzirá uma queda geral dos salários. Um empresário ignora ...12/07/2017 -
Senado aprova reforma de Temer e rasga legislação trabalhista
11 de julho de 2017 entra para a história como o dia em que o Senado Federal rasgou a legislação trabalhista. Abrindo mão de sua ...12/07/2017 -
Vigília no Senado: CTB afirma que a classe trabalhadora resistirá a todo custo
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) promove nesta terça-feira (11), desde às 9 horas, na entrada do anex ...11/07/2017 -
Para Renan, agenda de reformas de Temer é "ilegítima"
O senador Renan Calheiros (PMDB) não para de disparar críticas contra o governo de Michel Temer, de quem já foi grande aliado. E ...10/07/2017 -
Lula: Sabotagem dos golpistas tirou o Brasil do caminho da inclusão
A política de inclusão social dos governos Lula e Dilma tirou o Brasil do Mapa da Fome da ONU. Somente o programa Bolsa Família, ...10/07/2017