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26.10.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático - Asean em Kuala Lampur, Malásia. Foto: Ricardo Stuckert 26.10.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático - Asean em Kuala Lampur, Malásia. Foto: Ricardo Stuckert
27/10/2025

LULA REAFIRMA DIPLOMACIA ATIVA E BUSCA SUSPENDER TARIFAÇO DOS EUA EM ENCONTRO COM TRUMP

Em Kuala Lumpur, presidente brasileiro adota tom conciliador, defende soberania nacional e propõe diálogo direto com Washington para resolver impasses comerciais e políticos

Por Cezar Xavier

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou neste domingo (26) o papel do Brasil como ator diplomático propositivo ao se reunir por 50 minutos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, durante a 47ª Cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). O encontro, inédito entre os dois líderes, marcou uma inflexão no clima de hostilidade entre Brasília e Washington após meses de atritos comerciais e sanções políticas.

Com uma postura conciliadora, Lula buscou reposicionar o Brasil como interlocutor confiável, afirmando que “não há razão para desavenças com os Estados Unidos”. O presidente cobrou a suspensão imediata das tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros e das sanções aplicadas a autoridades nacionais sob a chamada Lei Magnitsky.

“Foi uma reunião franca e construtiva sobre a agenda comercial e econômica bilateral. As equipes dos dois países vão iniciar imediatamente as negociações para resolver as tarifas e sanções contra autoridades brasileiras”, afirmou Lula, destacando que a via diplomática deve prevalecer sobre o confronto.

Proatividade e pragmatismo na defesa dos interesses nacionais

A estratégia adotada pelo governo brasileiro reflete uma tradição da política externa lulista: combinar firmeza na defesa da soberania com pragmatismo econômico. Desde seu retorno ao Planalto, Lula tem buscado reconstruir pontes com parceiros estratégicos sem abrir mão da autonomia nacional.

Ao abordar diretamente a questão tarifária, o presidente deixou claro que o Brasil não aceitará medidas punitivas unilaterais, mas tampouco deseja um rompimento. Segundo o chanceler Mauro Vieira, o diálogo abriu caminho para um “período de negociação bilateral imediata”, autorizado pelo próprio Trump ainda na noite de domingo.

A decisão representa um avanço importante em meio à escalada de tensões iniciada após articulações do ex-deputado Eduardo Bolsonaro junto à Casa Branca, que resultaram nas tarifas e nas sanções contra autoridades brasileiras.

Lula retoma protagonismo diplomático regional

Além das questões comerciais, Lula também propôs atuar como mediador no diálogo entre Washington e Caracas, reafirmando o compromisso histórico do Brasil com a solução pacífica de controvérsias na América do Sul. O gesto reforça o esforço do governo brasileiro para restabelecer a credibilidade do país como potência diplomática regional, capaz de dialogar com todos os lados em um cenário geopolítico cada vez mais polarizado.

“O Brasil quer ser parte das soluções, não dos conflitos”, disse o presidente, ao criticar a escalada militar norte-americana no Caribe e defender o respeito à soberania da Venezuela.

Um novo capítulo na relação Brasil-EUA

A reunião em Kuala Lumpur sinaliza um realinhamento entre Brasília e Washington após um período de desconfiança mútua. Ao insistir no diálogo direto, Lula recupera o papel que o Brasil exerceu em outros momentos de sua política externa: o de mediador e articulador de consensos, com ênfase na diplomacia presidencial e no multilateralismo.

Mesmo diante de um interlocutor imprevisível como Donald Trump, o líder brasileiro conseguiu transformar um encontro cercado de tensões em uma oportunidade para reposicionar o país na cena internacional.

Com tom sereno, foco em resultados concretos e discurso de cooperação, Lula reafirma sua marca diplomática: a de um Brasil altivo, disposto a negociar, mas sempre guiado pela defesa dos próprios interesses e pela busca de equilíbrio nas relações globais.

Fonte: Portal Vermelho

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