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19/12/2017

Adilson Araújo: Sem o povo não há saída para a superação da crise brasileira

Presidente nacional da CTB, segunda mais influente central sindical do Brasil, o bancário Adilson Araújo está convicto de que somente a resistência popular, a luta nas ruas, será capaz de barrar mais uma investida do projeto neoliberal contra o povo brasileiro, que é a reforma da Previdência.

Em entrevista exclusiva a O Bancário, ele propõe a unidade das forças progressistas em defesa da democracia social e do Estado de direito e deixa evidente que o enfrentamento ao neoliberalismo vai muito além da luta no plano institucional.

O BANCÁRIO - Como impedir que a reforma da Previdência seja votada antes da eleição presidencial do próximo ano?

ADILSON ARAÚJO - Luta intensa nas ruas e no Congresso Nacional, pressionando as bases dos parlamentares aliados ao governo e denunciando ao conjunto da sociedade o que representa a proposta de “reforma” da Previdência Social, que na verdade acaba com a aposentadoria. Enfrentamos também uma campanha brutal do governo, com forte apoio da mídia hegemônica, para aprovar o pacote de maldades que, sordidamente, Temer um dia chamou de “ponte para o futuro”.

O BANCÁRIO - É possível barrar a reforma da Previdência só pela via institucional?

ADILSON ARAÚJO - Barrar uma proposta como essa exige mobilização, resistência e luta em diferentes frentes. Somente com o empenho dos diversos setores organizados da sociedade junto com o movimento sindical conseguiremos alavancar uma onda de resistência que pode contrabalancear o cenário de disputa no interior do Congresso Nacional. A luta conjugada entre as frentes de massa e institucional são estratégicas para a disputa em curso.

O BANCÁRIO - Por que um governo denunciado por corrupção, com 95% de rejeição, e um Parlamento investigado, têm conseguido impor uma agenda tão impopular?

ADILSON ARAÚJO - Estamos diante do Congresso mais conservador desde 1964, um Congresso que tem políticos comprometidos com o povo e com seus interesses particulares. Por trás do chamado movimento “Não Vai Ter Copa” e das chamadas “Jornadas de Junho” estavam as sementes da complexa conjuntura que se instalou no país e elegeu, em 2014, o Congresso Nacional mais venal de nossa história. Depois disso, estavam dadas as bases necessárias para empurrar o país para a crise política que desaguou no golpe parlamentar de maio de 2016.

O BANCÁRIO - As centrais sindicais têm plano para reverter a agenda neoliberal na pró- xima legislatura?

ADILSON ARAÚJO - O ano de 2018 será tão intenso quanto foi 2014. A diferença é que se lá lutamos por avanços nas mudanças, aqui a luta partirá da defensiva. Com a defesa de direitos consagrados e pela edificação de um projeto que recoloque o Brasil nos rumos do desenvolvimento com geração de emprego, valorização do trabalho e distribuição da renda. É bom acrescentar que o movimento sindical não luta apenas pelos interesses corporativos da categoria, mas abraça uma causa maior, estreitamente vinculada à melhoria de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, o desenvolvimento nacional, a valorização do trabalho, a afirmação da soberania nacional e da democracia. Um Brasil próspero, democrático, soberano e voltado para o bem estar do povo depende de sindicatos fortes, em sintonia com os interesses nacionais.

Fonte: Jornal O Bancário, uma publicação do Sindicato dos Bancários da Bahia. 

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