Informativo
CENTRAIS SINDICAIS APROVAM PROPOSTAS DE LULA PARA GERAÇÃO DE EMPREGO
Sob vários aspectos, programa incorporou propostas
aprovadas em abril, na Conclat 2022
Por
André Cintra
As centrais sindicais se sentiram
contempladas com a última versão das “Diretrizes para o Programa de
Reconstrução e Transformação do Brasil” – a plataforma da pré-campanha de Luiz
Inácio Lula da Silva à Presidência da República. O documento foi lançado no
último dia 21 de junho pelos partidos que integram o movimento Vamos Juntos
pelo Brasil (PCdoB, PSB, PSOL, PT, PV, Rede e Solidariedade).
Sob vários aspectos, o programa de Lula
incorporou propostas aprovadas em abril, na 3ª Conferência Nacional da Classe
Trabalhadora (Conclat 2022). A “Pauta da Classe Trabalhadora” é assinada por
CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical (Central),
Intersindical (Instrumento de Luta), Nova Central, Pública e UGT. Em pontos do
programa como a geração de emprego e renda, as reivindicações das entidades
estão claramente representadas.
“O combate ao desemprego e à terceirização
exige uma ação unitária das centrais sindicais, assim como a luta para revogar
a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e o teto de gastos”, afirma
Adilson Araújo, presidente da CTB. “No Brasil, o exército de desempregados,
desalentados e subocupados soma mais de 25 milhões de trabalhadores. Nossa
classe sofre um duro retrocesso desde o golpe de 2016, que desfigurou a
legislação trabalhista, ampliou a precarização, a terceirização dos serviços e
o desemprego, arrochou os salários e enfraqueceu a organização sindical.”
De 2015 a 2022, a taxa de desemprego no
Brasil permaneceu no patamar de dois dígitos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), apenas no trimestre móvel encerrado em maio, o
índice caiu para 9,8%.
Mesmo assim, o País ainda tem 10,6 milhões de
desempregados e outros 4,3 milhões de desalentados, totalizando quase 15
milhões de trabalhadores sem nenhuma ocupação. A crise econômica, o agravamento
da desindustrialização e a queda nas taxas de investimentos – fenômenos
agravados pela pandemia de Covid-19 e pelo governo Jair Bolsonaro – impedem uma
recuperação consistente do mercado de trabalho.
A plataforma de Lula qualifica essa realidade
como um “cenário de desemprego elevado, conjuntural e estrutural”, que foi
potencializado pela “disseminação de sistemas complexos de tecnologia da
informação”. Por isso, a criação de empregos, associada a outros avanços para
os trabalhadores, passa, necessariamente, por uma guinada na economia do País
que rompa com a lógica neoliberal e entreguista.
“A política econômica vigente é a principal
responsável pela decomposição das condições de vida da população, da instabilidade
e dos retrocessos na produção e no consumo. O desemprego e a subutilização da
força de trabalho seguem extremamente elevados, enquanto a precarização avança
e a indústria definha”, aponta o programa da chapa Lula-Alckmin.
Se este é o diagnóstico consensual, a “Pauta
da Classe Trabalhadora” propõe medidas: “Consideramos central colocar a geração
de emprego de qualidade, o crescimento dos salários, a promoção da proteção
trabalhista, previdenciária e social para todos e para todas as formas de ocupação
laboral, a valorização dos sindicatos e da negociação coletiva como elementos
estratégicos do projeto nacional de desenvolvimento”.
Uma vez estabilizada a macroeconomia, o que
fazer para gerar empregos? “Propomos a retomada dos investimentos em infraestrutura
e em habitação; a reindustrialização nacional em novas bases tecnológicas e
ambientais; a reforma agrária e o estímulo à economia solidária, à economia
criativa e à economia verde inclusiva, baseada na conservação, na restauração e
no uso sustentável da nossa biodiversidade. Também deve estender o apoio ao
cooperativismo, ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas”, sintetiza
o programa de Lula.
Na Pauta da Classe Trabalhadora, as centrais
defendem, prioritariamente, a volta da política de valorização do salário
mínimo (com aumento real ano a ano); a criação de “políticas ativas de geração
de trabalho e renda […] com garantia de salário mínimo”, previdência
social e de mais direitos trabalhistas”; a proteção aos desempregados; e a
retomada das obras públicas.
Uma das preocupações é com o emprego de
qualidade, para se contrapor à crescente precarização do trabalho. “Num país de
dimensões continentais como o que nós temos, precisamos de um projeto nacional
de desenvolvimento sustentável que atenda a todas as macrorregiões. A geração
de emprego de qualidade no Norte não é igual à geração no Sudeste ou no
Centro-Oeste”, pondera Miguel Torres, presidente da Força Sindical.
As propostas do sindicalismo incluem
bandeiras históricas, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas e a
reforma agrária. Aos trabalhos mediados por aplicativos (Uber, 99, iFood, Rappi
e outros), a Pauta da Classe Trabalhadora cobra o “reconhecimento do vínculo de
emprego”, o que inclui “acesso à previdência social”, jornada de trabalho
regulada e piso salarial.
Fatores como a inflação e o arrocho salarial
tornam mais urgente a demanda de elevação da renda do trabalhador. Há um ano,
de acordo com o IBGE, o rendimento real habitual médio dos brasileiros era de
R$ 2.817. Agora, no trimestre móvel encerrado em maio, essa renda média foi a
R$ 2.613 – uma queda de 7,2%.
Adilson Araújo diz que, mesmo para os
trabalhadores formais, a perda de renda é sentida. “Mês a mês, o Dieese tem
apontado que reajustes de diversas categorias profissionais ficam abaixo da
inflação – o que já ocorreu no ano passado”, lembra o presidente da CTB. “A
renda subtraída da classe trabalhadora não evapora. É, de uma maneira ou de
outra, apropriada sorrateiramente pelos capitalistas e destacadamente pelos investidores
do sistema financeiro, os rentistas.”
A Força Sindical reforça essa preocupação na
plataforma de Lula. “É um programa ainda em construção, mas o que estamos
destacando é a política de valorização do salário mínimo e também do salário
dos aposentados”, diz Miguel Torres. “A inflação para o aposentado é diferente
da que existe para qualquer outro setor da população.”
Para atender aos trabalhadores que já se
aposentaram, o programa de Lula fala em “reconstrução da seguridade e da
previdência social, para ampla inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras, por
meio da superação das medidas regressivas e do desmonte promovido pelo atual
governo. Buscaremos um modelo previdenciário que concilie o aumento da
cobertura com o financiamento sustentável”.
Fonte: Portal Vermelho
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