Informativo
PREÇO DO PÃO PODE SUBIR ATÉ 20%, ESTIMA INDÚSTRIA
Entidades do setor também projetam aumento dos preços de bolos,
biscoitos e massas em geral. Brasil importa de seis a sete toneladas de trigo
todos os anos. Em entrevista ao Portal Vermelho, o economista André Modenesi
havia previsto o encarecimento do pãozinho.
Por Mariana Mainenti
As entidades que representam os fabricantes de pães no Brasil
confirmaram nesta semana a elevação no preço do pão francês, conforme havia
previsto o professor do Instituto de Economia da UFRJ, André Modenesi, em
entrevista concedida ao Portal Vermelho.
“A tensão na Ucrânia é mais um elemento para pressão de alta nos preços dos
alimentos. A Ucrânia é grande exportadora de trigo. E a Rússia também. É muito
provável que seja comprometida a exportação de trigo. O pão vai encarecer”,
afirmou o economista.
A Associação Brasileira da Indústria de Panificação e
Confeitaria (Abip) estima que o pão francês subirá de 10% a 20%. “O quilo varia
hoje de R$ 8,90 a R$ 15,90, mas esses números tendem a aumentar porque a
farinha de trigo teve o maior aumento dos últimos 14 anos no mês passado”, diz
o vice-presidente da entidade, Paulo Pereira. “Os preços já vinham subindo e a
guerra na Europa piorou a situação. Não aguentaremos não repassar, porque não
temos mais gorduras para queimar.”
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos,
Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) afirmou que o
quilo do pão francês pode chegar a R$ 20 em algumas cidades. Isso deve ocorrer
quando as indústrias comprarem as novas safras. Ainda existe a entrega de
farinha compromissadas em contratos antigos, mas a disparada da cotação do
trigo começa a ser sentida nas negociações futuras. O grão subiu mais de 25%
depois do início do conflito e, no ano, já acumula alta de 43%. Na Bolsa de
Chicago (EUA), a tonelada da commodity – como são chamados os produtos básicos
negociados internacionalmente -, subiu de US$ 287, antes do conflito, para US$
385 nesta segunda-feira (14).
“O que se pode afirmar é que
haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas, com o
horizonte indefinido, já que, a cada notícia da guerra, o preço do trigo no
mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos”,
afirma a nota da Abimapi. Também sofrerão impacto outros produtos que utilizam
trigo na composição, como biscoitos, massas e bolos. Nas massas, em média, 70% do
custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 30%, e nos pães e bolos
industrializados, de 60%.
Em entrevista concedida ao Portal
Vermelho em fevereiro, Modenesi afirmou que a inflação de
preços no Brasil já era anunciada, devido ao desmantelamento da política de
segurança alimentar brasileira, que teve início no governo Temer e se acentuou
durante o governo Bolsonaro, com a política econômica do ministro Paulo Guedes,
defensor da não intervenção do Estado na economia. E a situação, que já era de
uma inflação disseminada pela economia, agrava-se agora com o conflito na
Ucrânia.
O professor da UFRJ disse ainda que o item alimentos e bebidas
mantém-se como vilão da inflação em razão da combinação do desmonte da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com os estoques reguladores
zerados e a redução do Programa de Aquisição de Alimentos, quando a agricultura
familiar tem um peso importante no abastecimento do mercado interno.
“Precisamos voltar a fortalecer a agricultura familiar, a Conab e recompor os estoques,
que são questões estruturais. Estamos vivendo um gargalo de oferta”, defendeu
Modenesi,
As sanções impostas à
Rússia, maior exportadora de trigo do mundo, encarecerão ainda mais não apenas
o pão francês, como também bolos, biscoitos e massas em geral.
Lucilio Alves, professor da Faculdade de Agricultura da Universidade de São
Paulo (USP), lembra que não é somente o trigo que tende a pressionar o valor da
farinha e seus derivados. “O trigo representa menos de 50% do custo da farinha
e, quando esta vai para o atacado e varejo, novos custos são incorporados, como
transporte e tributação.”
Nos últimos 12 meses, ainda sem o impacto da guerra, o macarrão
subiu 12,01%, acima dos 10,54% da inflação acumulada no período. Já os
panificados acumulam alta de 9,49%, com o pão francês tendo disparado 16% no
acumulado do período.
“Embora ainda não tenha sido capturado nos indicadores oficiais,
o consumidor percebe um aumento de 20% a 25% no preço do pão nas padarias e
supermercados. Isso já sinaliza um aumento do preço do trigo na formulação do
produto”, afirmou à CNN o economista e professor do Ibmec Gilberto Braga. “A
continuidade da guerra poderá decretar um período de novos aumentos, mas é
provável que o patamar mais caro continue pelo menos até a previsão de quando o
conflito poderá terminar.”
DEPENDÊNCIA
DE IMPORTAÇÕES
A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e a Ucrânia
ocupa a quarta posição. Os dois países são responsáveis pelas exportações de
30% do trigo global, 19% do milho e 80% do óleo de girassol. Em 2021, os russos
produziram 88,9 milhões de toneladas de trigo, atrás de União Europeia, China e
Índia, e a Ucrânia foi o quinto maior produtor, de acordo com informações do
portal do PT Nacional.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), a previsão anterior ao conflito era de que os dois países
contribuíssem com 52 milhões de toneladas, de um total de 203 milhões toneladas
exportadas na safra 2021/22.
Já o Brasil produz menos da
metade do trigo consumido no país. Em 2021, houve déficit de 6,4
milhões de toneladas, mesmo com a expansão de 8,1% da área plantada em relação
à safra 2019/2020. Por isso, são importadas de seis a sete toneladas por ano de
países como Argentina, Canadá e Estados Unidos. A dependência de importações
expõe o Brasil às variações internacionais da cotação da commodity.
O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do
Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, diz que, no ano passado, de 6,224 milhões de
toneladas importadas, apenas 28,009 mil toneladas vieram da Rússia. A maior
parte, 5,433 milhões de toneladas, foram de cereal argentino, conforme dados do
Agrostat – sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio
brasileiro.
Em contrapartida, há um impacto imediato sobre a indústria
moageira com o encarecimento do trigo no mercado externo. Isso se reflete nos
preços do cereal argentino e na paridade de importação, elevando também a
cotação do trigo nacional.
“A consequência concreta para os moinhos brasileiros é que terão
preços maiores para adquirir o cereal daqui para frente até a entrada da safra
do Hemisfério Norte”, comentou Barbosa. Outro efeito será a alta do
custo de produção da commodity, dado o cenário de aumento dos fertilizantes e
risco de desabastecimento.
Um terceiro risco é o de outros países consumidores do cereal
recorrerem ao fornecimento da Argentina em cenário de interrupção das
exportações russas e ucranianas. “Isso pode virar um problema porque a
Argentina já vendeu mais de 13 milhões de toneladas das 20 milhões de toneladas
que colheu. O volume que está faltando para exportar já deve estar vendido para
tradings, que comercializarão para quem pagar mais pelo cereal”, observou o
presidente executivo da Abitrigo.
“Temos uma restrição no transporte marítimo. Todos os portos da
Ucrânia estão paralisados. Já na Rússia, temos alguns em funcionamento. Diante
deste cenário, países que compram trigo da Rússia e da Ucrânia, como nações
africanas, parte do Oriente Médio e Ásia, passaram a demandar trigo de outros
países”, ressalta o professor Alves. “Portanto, novos contratos de importação
certamente virão com valores superiores.”
Fonte: Portal Vermelho,
com informações do portal do PT Nacional
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