Informativo

29/12/2020

LIDERANÇAS DA CTB FAZEM RETROSPECTIVA E BALANÇO DE 2020

Trabalhadoras do Brasil (CTB). Entrevistado pelo Portal CTB, o dirigente faz uma retrospectiva e um balanço de 2020.

Portal CTB: No contexto de grave crise sanitária, econômica, social e política, que balanço você faz do ano 2020?

Cleber Rezende: O ano de 2020 iniciou esperançoso de muitas lutas contra os ataques do Governo Bolsonaro à classe trabalhadora e a democracia, com a perspectiva de eleição de lideranças democráticas, populares e de líderes sindicais para prefeitos e vereadores, abrindo vereda para grande retomada de um novo projeto nacional de desenvolvimento no Brasil.

Fomos surpreendidos com a pandemia da Covid-19 que paralisou tudo e segue ceifando vidas, empregos e economias mundo afora. Tivemos que ajustar, na marra, novas formas de trabalho, de lutas e organizações, de contratos de trabalhos, enfrentar várias medidas do governo federal contra os trabalhadores.

A CTB e seus Sindicatos desenvolveram muitas lutas na defesa da prevalência dos acordos coletivos de trabalho, de novas negociações no contexto da crise sanitária e econômica para preservar vidas, saúde, direitos, salários, empregos e renda dos trabalhadores e trabalhadoras.

Realizamos, pela CTB/Pará, varias live’s nos mais diversos temas e áreas de atuações, com as demais centrais sindicais construímos e realizamos o 1º maio virtual, entre outras lutas. A CTB realizou um seminário sobre a reforma administrativa, evento misto entre presencial e virtual, com aproximadamente 50 lideranças sindicais presentes e mais de 2 mil acessos na página da Central, além dos atos públicos contra a reforma administrativa e do grito dos excluídos denunciando as mais de cem mil mortes, à época.

No front da grave crise sanitária, econômica, social e política participamos das lutas sindicais e das eleições municipais, elegendo 5 vereadores sindicalistas da CTB em Belém, Altair Brandão/PCdoB presidente dos Sindicato dos Rodoviários, dos professores e dirigentes dos sindicatos da educação em Aurora do Pará, Prof. Carlinho/PCdoB, Prof. Irã Araújo, em Rio Maria, Prof.ª Rosa Mônica/MDB em Santana do Araguaia e de Marcela Salazar/PDT, presidenta do STTR de Tucumã, bem como participamos efetivamente da vitória do deputado federal o professor Edmilson Rodrigues, para prefeito de Belém.

É um balanço que mescla derrotas e vitórias, o mais importante é manter viva a chama da esperança e da construção de dias melhores para a classe trabalhadora. Nutrindo a máxima: CTB, a luta é pra valar!

Portal CTB: O governo não encontra respostas para saída da crise e aponta para o aprofundamento de uma política de concessões e privatizações, ressaltando que os investimentos privados salvarão a economia. Qual a sua avaliação?

Cleber Rezende: O ano 2020 tende encerrar próximo de 200 mil mortos pela covid-19, o desemprego em taxas alarmantes de mais de 14%, um governo negacionista, corrupto e genocida agravando a crise sanitária, social e econômica. O SUS foi o principal aparato para amenizar os efeitos da crise, garantir saúde e salvar vidas. O papel do Estado enquanto indutor do desenvolvimento e resolução dos problemas de nosso povo é determinante. O diferencial é a visão dos gestores e quais interesses defendem, a partir de seu gestor, o Presidente da República. Bolsonaro está para atender os interesses do capital e criminalizar a classe trabalhadora.

Avaliamos que precisamos de ampla mobilização da classe trabalhadora e do conjunto das forças democráticas e populares para barrar os retrocessos, as concessões e privatizações, intensificar as lutas em defesa dos interesses e direitos da classe trabalhadora, do patrimônio público, contra a reforma administrativa, acumulando forças para derrotar Bolsonaro e sua política entreguista, na retomada de um novo projeto nacional de desenvolvimento nacional, da democracia e das mais amplas liberdades do povo brasileiro.

Portal CTB: Como garantir a sobrevivência do movimento sindical e a preservação dos direitos trabalhistas?

Cleber Rezende: O movimento sindical brasileiro deve ser sustentado pelos trabalhadores, nas mais variadas formas, por exemplo, o sistema S recebe repasses do Estado, dos impostos das brasileiras e brasileiros, recursos para o empresariado. E uma contribuição, do próprio trabalhador, como a contribuição sindical é criminalizada pela mídia e pelos conservadores, o objetivo é enfraquecer o movimento. Devemos cada vez mais, enraizar nossas relações com as bases sindicais, com a classe trabalhadora e buscar formas seguras e substanciais de sustentação do movimento sindical, para fortalecer os instrumentos de defesa e preservação dos direitos e interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, fortalecendo a estrutura sindical brasileira.

Portal CTB:A pandemia agravou o drama do desemprego. É possível a geração de emprego e renda nos marcos da atual política econômica, com congelamento dos investimentos públicos e sem um plano ou projeto nacional de desenvolvimento?

Cleber Rezende: A pandemia evidenciou a incapacidade política e o desprezo do governo Bolsonaro com a classe trabalhadora, agravando o desemprego, a miséria e a fome do nosso povo. Não é possível gerar empregos e distribuir rendas com a política econômica de Estado mínimo de Paulo Guedes e Bolsonaro. A lógica deles é de congelamento de investimentos públicos, privatizações e retirada de direitos dos trabalhadores, em benefício dos mais ricos, dos banqueiros e empresários. O Brasil precisa, rapidamente, de um novo projeto nacional de desenvolvimento, com retomada do crescimento e da geração de empregos.

Portal CTB: O que fazer para superar a atual crise e deter a tendência de uberização das relações sociais de produção?

Cleber Rezende: Nos marcos do governo Bolsonaro não há saídas. Precisamos de um novo projeto nacional de desenvolvimento, com a retomada do crescimento econômico e da geração de empregos. De uma política de reindustrialização, de apoio e fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas, da agricultura familiar, de retomada das grandes obras estruturantes no país, da política de habitação enquanto instrumentos de geração de empregos, a defesa da manutenção do auxilio emergencial até o fim da crise sanitária, para garantir a sobrevivência dos desempregados.

Por outro lado, a desregulação das relações de trabalho, a uberização, eleva a precarização social do trabalho e penaliza e trás adoecimento aos trabalhadores. Os avanços tecnológicos e científicos devem ser usados para elevar e avançar as forças produtivas, valorizar a força de trabalho, melhorar as condições do exercício laboral, de vida, garantir bem estar-social, assegurar melhores condições de mobilidade urbana, de acesso à saúde, de atender as necessidades humanas, não apenas atender os interesses do capital. O caminho é a resistência, a luta de classe, as mudanças nas forças políticas centrais, para colocar o Estado a serviço dos trabalhadores e dos interesses nacionais, com retomada do desenvolvimento do Brasil.

Fonte: Portal CTB

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