Informativo
BRASIL PODE TER MAIS DE 25 MILHÕES DE DESEMPREGADOS AO FIM DA PANDEMIA
Por
José Roberto Medeiros da CTB RJ
A pandemia do novo coronavírus não vai deixar
apenas um saldo gigantesco de mortos, ela mergulhará o mundo em uma recessão
econômica que perdurará por anos e, em nosso país, pode gerar consequências
sociais gravíssimas. O vírus, apesar de atingir a todos, tem efeito mais
devastador nas classes mais vulneráveis que também sofre com o vírus da
desigualdade, que mata milhões ano a ano nos quatro cantos do mundo.
Como efeito colateral da pandemia, cresce a
cada dia mais o número de demissões no país. De acordo com pesquisa do Núcleo
de Conjuntura Econômica e Mercado Financeiro (Nucemf) da UNIFACS, o desemprego
no Brasil pode dobrar após a pandemia. Se antes do primeiro caso do vírus, o
IBGE indicava que o Brasil possuía 12,2% de desempregados (12,9 milhões de trabalhadores
e tabalhadoras sem emprego), as estimativas do Nucemf apontam para
um aumento de 12,6 milhões nesse número, podendo elevar os índices de
desemprego ao assombroso índice de 23,8%.
Um estudo promovido pela Organização das
Nações Unidas, em parceria com a King’s College (Londres) apontou que a
recessão consequente da pandemia pode colocar 500 milhões de pessoas na
miséria. Na América Latina, segundo a OCDE, 22 milhões de pessoas podem ser
lançados a essa situação, com uma queda média de 5% na renda dos trabalhadores,
no que o economista Andy Sumner chamou de “tsunami de miséria”.
Os números são ainda mais duros quando se faz
o recorte da segurança alimentar. Segundo a ONU, após a pandemia, o número de
pessoas em situação de fome pode chegar a 265 milhões.
Em nosso país, segundo dados do Banco
Mundial, temos uma população de 52,8 milhões de pobres, número que pode
disparar ao fim da pandemia, agravando ainda mais o cenário social do país.
PROGRAMAS
DE RENDA BÁSICA SURGEM COMO ALTERNATIVA
Um dos consensos entre especialistas de todo
o mundo sobre os caminhos após a pandemia é o de que existem recursos para se
reduzir os impactos sociais da pandemia. O economista francês Thomas Piketty,
por exemplo, afirmou que a crise aponta a necessidade de construção de um
sistema econômico diferente e defendeu um modelo tributário que taxe os mais
ricos para criar rede de proteção social sólida. Nesse ponto, aqui no Brasil,
ainda é tímida a tramitação legislativa das propostas que envolvem a taxação de
grandes fortunas.
O auxílio emergencial, criado pelo Congresso
Nacional e solicitado por mais de 100 milhões de brasileiros, abriu, em nosso
país o debate sobre a questão da proteção social e obrigou o governo e o
parlamento a cogitarem a construção de um projeto de renda básica para o povo
brasileiro.
Fruto desse debate, dois projetos de lei
sobre o tema foram apresentados. Um do Senador José Serra (PSDB-SP) e um do
Senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), ambos, no entanto, referenciados no
projeto do ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que defende o tema há 30 anos.
Enquanto o projeto de Serra estabelece
critérios de concessão e impõe a taxação de lucros e dividendos para sustento
do benefício; o de Randolfe estrutura o benefício, determinando um valor de
meio salário mínimo por adulto, mais um quarto de salário por criança ou
adolescente menor de 18 anos.
A Renda Básica é, na
visão de Eduardo Suplicy, o caminho natural para evolução do Bolsa Família.
Desde a implementação do programa que o ex-senador o aponta como etapa
inaugural da estrada para que a “Renda Básica de Cidadania” por ele defendida
fosse implementada. Agora, com o fortalecimento do debate sobre o tema da
proteção social, em virtude da pandemia, existe uma chama do tema avançar e
nele se encontrar a saída para reduzir os impactos sociais da pandemia do novo
coronavírus.
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