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“Demissão do ministro, a essa altura, é uma decisão criminosa”, definiu o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA) “Demissão do ministro, a essa altura, é uma decisão criminosa”, definiu o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA)
08/04/2020

APÓS ‘FICO ‘DE MANDETTA, CONGRESSO APONTA ISOLAMENTO DE BOLSONARO

Após um dia de muitas especulações sobre sua saída, Luiz Henrique Mandetta afirmou, em uma coletiva de imprensa na noite desta segunda-feira (6), que seguirá como ministro da Saúde, apesar das dificuldades. Em meio a uma queda de braço entre Jair Bolsonaro e o ministro, provocada pelas discordâncias em relações às medidas propostas para conter a expansão do coronavírus no país, a saída de Mandetta chegou a ser anunciada como fato e repercutiu entre parlamentares.

“Bolsovírus (Jair Bolsonaro) ainda não teve coragem para dar um tapa no Brasil demitindo o ministro da Saúde. Tremeu hoje, mas não desistiu de sua psicopatia genocida. Mandetta está seguindo roteiro técnico e científico. E isso exaspera o fantasma presidencial Bolsonaro. Demissão do ministro, a essa altura, é uma decisão criminosa”, definiu o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).

Representantes do PSOL, os deputados Marcelo Freixo e David Miranda, ambos do Rio de Janeiro, demonstraram suas contrariedades ao ministro, mas defenderam sua permanência no cargo. “Tenho muitas diferenças políticas com o Mandetta. Muitas. Mas nenhuma delas é maior do que o meu compromisso com a vida dos brasileiros. É isso que está em jogo”, disse Freixo.

“Mandetta está longe de ser um ministro dos sonhos, representa o lobby da saúde privada no interior do governo Bolsonaro. Mas, diante da crise da Covid-19, fala como médico, nunca endossou o discurso negacionista de Bolsonaro e orienta as ações com base nas recomendações da OMS”, endossou Miranda.

MINORIA

Líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE) destacou a falta de postura de Jair Bolsonaro diante da crise que se agrava. “O episódio de hoje envolvendo Bolsonaro e seu ministro da saúde é o sinal mais evidente que ele, Bolsonaro, não manda em nada. Não que eu seja favorável à saída do ministro Mandetta, mas o que é grave é ver nosso país à deriva, governado por gente q não tem predicados para essa função”, ressaltou.

A falta de força política e o isolamento de Bolsonaro também foi mencionada pelo deputado Bohn Gass (PT-RS). “Quem anunciou que Mandetta permanece no Ministério da Saúde foi o vice-presidente, general Mourão. Reforça-se, assim, a percepção de que Bolsonaro está isolado, escanteado no próprio governo. Parece óbvio que ele quer, mas já não tem poder para demitir o ministro da Saúde”.

A despeito das diferenças políticas, Camilo Capiberibe (PSB-AP) reiterou apoio a Mandetta. “Divergências ideológicas à parte, Mandetta se conduz pelo conhecimento científico, experiência acumulada de outros países e de organismos internacionais de saúde. Enfrenta o obscurantismo da ala do governo que se move por egos, disputa política, brigas, fuxicos e mentiras, contra a ciência, a imprensa e outras nações”, declarou.

SENADO

No Senado, Humberto Costa (PT-PE) chegou a dizer que a tentativa de despedir o ministro era mais uma prova da necessidade do impeachment do presidente. “Bolsonaro deu hoje a grande deixa para o seu afastamento. Estamos diante da maior pandemia da história, o número de mortos ultrapassa os 68 mil no mundo. E o presidente sai do isolamento, para dar indiretas e ameaçar o ministro da saúde. Não dá mais. Bolsonaro é um risco a vida”,concluiu.

Já Fabiano Contarato (Rede-ES) elogiou o trabalho do chefe da saúde e defendeu a saída de Bolsonaro. “O Brasil precisa demitir de vez é a família Bolsonaro, que expõe inescrupulosamente a saúde do próprio povo para socorrer os interesses políticos e econômicos dos poderosos! Parabéns pelo trabalho, Ministro Mandetta!”.

Ex-presidente da Casa, Renan Calheiros (MDB-AL) pediu que a população mantivesse a atenção sobre as recomendações de especialistas. “Mesmo com a explosão de casos, o número de mortes, o presidente prega o genocídio e a convulsão social. Ofensa a governadores é da índole dele, mas desprezar os cadáveres empilhados pelo mundo é sandice. Até quando, Catilina? Entre o médico e o monstro, fiquem com os médicos”.

COLETIVA

Durante a entrevista, na noite desta segunda, Mandetta reafirmou sua permanência, declarando que “médicos não abandonam pacientes”.

“Procuramos ser a voz da Ciência. Abrimos o Ministério da Saúde para todos os outros Ministérios. Críticas são sempre bem-vindas, mas não estas, no sentido de dificultar o trabalho. O nome do nosso inimigo é a Covid-19. Nós vamos continuar”, declarou.

Sem citar o nome de Bolsonaro, o ministro afirmou que a reunião com o presidente e os demais integrantes do Governo foi produtiva e que espera “ter paz para trabalhar”.

Boicotes

As desavenças entre os dois começaram logo após Mandetta acatar e defender, publicamente, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de isolamento social como medida para controlar a pandemia.

Favorável ao isolamento apenas dos grupos de risco e do retorno à normalidade, a fim de não agravar o rombo na economia do país, Bolsonaro encenou uma série de boicotes às falas do ministro nas últimas semanas.

Fonte: Brasil 247

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