Informativo
DÉCADA PERDIDA PARA A INDÚSTRIA E PERSPECTIVAS
Por José
Álvaro de Lima Cardoso.
A produção industrial no Brasil diminuiu 1,1%
em 2019, em relação a 2018, segundo informações do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE, 16
apresentaram queda no ano. Nos últimos dois meses do ano passado a queda
acumulada chegou a 2,4%, sendo que o resultado de dezembro (-0,7%) é pior
resultado no mês, desde 2015. Segundo os pesquisadores do IBGE, o patamar de
produção de 2019 é semelhante ao de 2009; é como se o país tivesse regredido,
em termos de produção industrial, em dez anos.
O setor extrativista apresentou o maior recuo
(9,7%), metalurgia (-2,9%), celulose, papel e produtos de papel (-3,9%),
manutenção, reparação e instalação de máquinas equipamentos (-9,1%), outros
equipamentos de transporte (-9,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos
(-3,7%), produtos de madeira (-5,5%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e
de higiene pessoal (-3,7%) e produtos de borracha e de material plástico
(-1,5%). Com resultado positivo, produtos alimentícios (1,6%), veículos
automotores, reboques e carrocerias (2,1%), coque, produtos derivados do
petróleo e biocombustíveis (1,7%), produtos de metal (5,1%) e bebidas (4%).
No ano passado, metade dos macro setores
industriais não conseguiram crescer, como se verifica abaixo. O caso mais
extremo, bens intermediários, recuou 2,2%. Os bens intermediários
(manufaturados ou matérias-primas empregados na produção de outros bens
intermediários ou de produtos finais), são considerados o cerne da produção
industrial. A sua queda nessa magnitude é sintomática de como anda a economia
no seu conjunto.
•
Industria geral: -1,1%;
• Bens de capital: -0,4%;
• Bens intermediários: -2,2%;
• Bens de consumo duráveis: 2,0%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: 0,9%.
Segundo o IBGE, Bens de capital, recuaram
para -0,4% em 2019, sendo que em dez/19, caiu -5,9% na comparação com dez/18.
Recuo de bens de capital reflete baixo investimento (a taxa de investimento
(FBCF/PIB) estava em meros 15,9% no segundo trimestre de 2019). Esse dado, possivelmente
está relacionado com a política de desmonte do BNDES, que responde pela maior
parte do investimento produtivo no Brasil (os indicadores de queda do total dos
empréstimos do BNDES, nos últimos três anos, são impressionantes).
Por outro lado, os segmentos restantes
apresentaram quedas, sendo os maiores em: indústrias extrativas (-9,7%),
manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,1%), outros
equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-9,0%), produtos de
madeira (-5,5%), celulose, papel e produtos de papel (-3,9%), produtos
farmoquímicos e farmacêuticos (-3,7%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza
(-3,7%) e metalurgia (-2,9%) e impressão e reprodução de gravações (-2,2%).
Estes resultados da indústria, que atingiram
tanto a indústria extrativa quanto a de transformação, significaram um banho de
água fria nas análises de que o setor estaria se recuperando de forma
consistente. O IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial),
afirma em publicação recente (Destaque IEDI, 04/02/20), que a década que se
encerra em 2020, poderá ser considerada perdida para indústria. O estudo do
Instituto observa, por exemplo, que o resultado do ano passado não é casual.
Nos últimos nove anos (2011 a 2019) quando a indústria cresceu, foi em
patamares muito baixos.
Em nove anos, segundo o citado estudo, a
perda acumulada é de -15% na
indústria. É um massacre. Após muito anos, o Brasil caminha para sair do
ranking dos 10 maiores países industriais do mundo. Decorrência direta de um
processo mais profundo de desindustrialização, mas que foi acelerado pelas
políticas do golpe a partir de 2016. Em 2019 a indústria, que já representava
apenas cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), possivelmente sofreu
novo recuo.
Há na economia uma relação direta entre
produção industrial e o perfil de distribuição de renda. Como se sabe, o Brasil
passa por um aprofundamento do processo de desigualdade social a partir do
golpe de 2016. Desde quando, em 1960, o IBGE passou a coletar informações sobre
o rendimento da população nos censos demográficos, nunca se havia observado um
crescimento tão elevado em tão pouco tempo. Se verifica também uma
redução significativa do mercado consumidor interno, com achatamento da renda e
manutenção das altíssimas taxas de desemprego. O país tem 12,6 milhões de
pessoas desocupadas e a população subutilizada na força de trabalho
(trabalhadores desocupados e subocupados por insuficiência de horas
trabalhadas) atingiu o maior número da série histórica da PNAD, 27,6 milhões de
pessoas em 2019. Segundo o IBGE, o número de subocupados, ou seja, os
desocupados e os que não conseguem trabalhar um mínimo de horas semanais, está
quase 80% acima do indicador verificado em 2014, ocasião em que foi registrado
o menor número da série histórica (15,4 milhões).
Neste quadro de explosão do desemprego e da
informalidade a saída poderia ser o mercado externo, como já ocorreu em outras
crises brasileiras. Mas o mercado externo anda extremamente arisco. Além da
grave crise na Argentina, que abalou um importante mercado para o Brasil, há
uma encarniçada guerra comercial entre EUA e China, que escalou no ano passado,
abalando a já combalida economia mundial.
Mas não precisaria de crise internacional, os
próprios eixos de política econômica do governo são fontes de enorme
insegurança tanto para a população em geral, quanto para os investidores
(e especuladores). Prestemos atenção no fato de que a saída líquida de dólares
da economia brasileira no ano passado (entradas menos saídas) foi de US$ 44,77
bilhões. Esta é a maior evasão de divisas do Brasil em toda a série histórica,
iniciada em 1982. Os grandes “investidores” (que foram os que fugiram do Brasil
no ano passado) têm grande sede de lucros e pernas longas. Têm também
informações privilegiadas, as quais nós, meros vendedores da força de trabalho,
não temos acesso.
O recorde anterior de fuga de capitais tinha
sido registrado em 1999, quando o saldo cambial (diferença entre as entradas e
saídas de dólares) ficou negativo em US$ 16,18 bilhões. Não por acaso o
fenômeno ocorreu em 1999, no governo FHC, num ano em que o Brasil, monitorado
pelo FMI (grande credor brasileiro à época), tinha adotado uma política de
livre flutuação cambial. Nessa ocasião a cotação do dólar ultrapassou pela primeira
vez a barreira dos R$ 2. De qualquer forma, o número de 2019, é quase três
vezes superior à fuga de 1999. Na segunda maior fuga de capitais registradas no
Brasil, no governo FHC, o que vigorava era também o entreguismo e grandes
ataques aos trabalhadores. Talvez, é verdade, numa escala menor que a
verificada no governo Bolsonaro.
Uma coisa é certa. Subserviência aos países
imperialista no mundo (com devoção especial aos EUA), combinada com extrema
inaptidão técnica por parte da cúpula do governo, não sinalizam confiança a
ninguém. Destruição de instrumentos públicos de intervenção estratégica do
Estado e a desmontagem das estruturas de atendimento à população, ao afetar a
estabilidade social do país, impactam também o humor dos investidores.
Estes, que buscam a redução dos riscos para o
emprego do seu capital, sabem que loucura tem limites.
Fonte:
Portal CTB, via
Desacato
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