Informativo
Lei Trabalhista: Incertezas e ações de inconstitucionalidade na justiça
Mais de 12 milhões de
desempregados, aumento do trabalho informal e demissões em massa. São esses os
primeiros resultados dos três meses da nova lei Trabalhista que o golpista e
ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) vendeu ao país como a solução para todos os
problemas da classe trabalhadora.
A argumentação dos
parlamentares governistas, ao acelerar os processos internos de aprovação e
votação da chamada reforma Trabalhista - Lei 13.467/17, em vigor há menos de
100 dias - era a de que, além de gerar milhares de empregos, garantiria
segurança jurídica para os empresários. Essa versão, que invadiu os lares
brasileiros diuturnamente nos meios de comunicação em programas populares de
rádio e TV, está sendo desmentida pelos fatos.
Segundo o presidente da
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho/Anamatra e juiz do
Trabalho da 15ª Região, Guilherme Guimarães Feliciano, o que está acontecendo
no Brasil hoje é muito semelhante ao ocorrido no México nos anos 2000: uma
migração dos postos de trabalhos formais e garantidos por atividades informais,
precárias e mal remuneradas.
Um dos principais motes de
convencimento das entidades patronais brasileiras para aprovar essa lei era
justamente conferir segurança jurídica, diz Guilherme, lembrando que, “por
isso, o texto foi aprovado sem debate, mesmo depois do relator Rogério Marinho
(PSDB-RN) ter alterado mais de 100 artigos no texto que veio do poder
Executivo. E, depois, [o Senado] não se mexeu em nenhuma vírgula do documento”.
“Isso tudo aconteceu em apenas
quatro meses. Foi inédito!”.
Para a CUT, a principal saída
para impedir o fim de tantos direitos perdidos nesse processo é a revogação da
Lei. E a Central está atuando em várias frentes para anular os efeitos dessa
legislação Trabalhista que não é só perversa e retrógrada, tem também vários
itens inconstitucionais.
“A CUT está agindo de diversas
formas para extinguir essa lei”, disse a secretária nacional de Relações do
Trabalho da CUT.
Uma delas, segundo Graça, é
resistir nas mesas de negociação e nas campanhas salariais de todas as categorias.
Outra é o movimento que a CUT já está fazendo com a coleta de 1,3 milhão de
assinaturas, para viabilizar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular que propõe
a revogação da nova legislação.
“Entendemos que não tem
condição de aceitar essa lei e vamos trabalhar para acumular assinaturas
contrárias”, ressaltou.
Outras ações destacadas pela
dirigente são: brigar na Justiça, nos tribunais de primeira instância, quando
os direitos da classe trabalhadora forem desrespeitados; e denunciar nas
instâncias internacionais, a exemplo do documento protocolado na Organização
Internacional do Trabalho (OIT) no ano passado.
Uma das prioridades da CUT
este ano é combater a Reforma Trabalhista. Resolução da Direção Executiva da
CUT, reunida dia 28 de fevereiro, reafirma que a Central não medirá esforços
para anular essa reforma que deteriorou as relações trabalhistas em todo o
país.
A NOVA LEI É ANTICONSTITUCIONAL
A pressa era tanta para
aprovar a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras que os parlamentares
fizeram um acordo para aprovar a reforma do jeito que estava, independentemente
das perversidades, como o caso de mulheres grávidas serem obrigadas a trabalhar
em ambientes insalubres e até de inconstitucionalidades no texto da reforma. A
promessa era de que depois resolveriam os problemas via Medida Provisória. Até
agora, nada foi feito.
“Existia um tal acordão entre
os parlamentares da situação para que, assim que a lei fosse sancionada pela
presidência da República, seria encaminhada uma Medida Provisória para fazer
correções porque a lei passou nas duas casas sem nenhum veto”, confirma o
presidente da Anamatra.
“Acontece que ao longo dos 120
dias de vacância – período para a lei entrar em vigor – nada foi feito nem
encaminhado e, somente na semana seguinte, depois que passou a valer, foi
criada uma MPa para alterar a lei. Porque não veio antes?” questionou
Guilherme.
O secretário Nacional de
Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle, explicou que vários pontos da nova lei
são inconstitucionais e que o próprio patronato está com dificuldade para
aplicá-la, o que gerou aproximadamente 18 Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além das Adin’s que tramitam
no STF, também o Tribunal Superior do Trabalho (TST) irá refletir sobre a
aplicação desta lei, para saber se o que diz o texto é constitucional ou não.
“Essa Lei foi feita a toque de
caixa, é muito mal elaborada e está provocando vários problemas para todo o
mercado de trabalho, sendo que o principal é a insegurança jurídica”, destacou
o dirigente.
As ações que estão sendo
encampadas pelo poder Legislativo partem do Senado, cujo principal artigo do
Projeto de Lei (PL) de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) é a revogação da
13.467/17, protocolado em agosto de 2017.
Também sob relatoria do
senador Paim, o Estatuto do Trabalho está programado para ser apresentado agora
em maio, mas assim como o PL, precisa passar pelo rito do Congresso.
VOLTA À BARBÁRIE
Para o deputado federal e
advogado trabalhista, Wadih Damous (PT-RJ), a forma como a lei foi aprovada
colocou os trabalhadores de volta ao cenário de barbárie que só existiu antes
da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, criada no ano de 1943.
“Essa legislação é a
consagração do capitalismo selvagem no mundo do trabalho”.
O deputado reforçou que a
bancada de oposição foi contundente no diagnóstico do que estaria por vir.
“Pontuamos que aumentaria tudo o que já havia de ruim e pioraria: a
precarização, a informalidade, o subemprego e demissões. Tudo isso já está
acontecendo”, desabafou Damous.
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