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Manifestação contra a privatização, a terceirização e demissões na estação Barra Funda do Metrô (Foto: Divulgação Metroviários) Manifestação contra a privatização, a terceirização e demissões na estação Barra Funda do Metrô (Foto: Divulgação Metroviários)
28/11/2023

EM GREVE, TRABALHADORES DE SÃO PAULO PROTESTAM CONTRA PRIVATIZAÇÕES

Trabalhadores dos transportes, da educação e do saneamento unificam-se em greve para alertar a população sobre os riscos da privatização da Sabesp e do transporte sobre trilhos, e pressionar o governador.

Por Cezar Xavier

Na véspera de uma grande greve em São Paulo, em protesto pela tentativa de privatização da Sabesp e dos serviços de transporte coletivo, ocorreu uma audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, convocada pela Câmara dos Deputados, sobre os impactos da privatização da Sabesp. Na ocasião, o Portal Vermelho ouvir diversas lideranças mobilizadoras da greve, que ressaltaram a necessidade de conscientizar a população sobre os riscos da venda destas empresas estatais, assim como pressionar o governador Tarcísio de Freitas (Republicano).

Em entrevista ao Portal Vermelho, Diego Pereira, diretor da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), representante de São Paulo, demonstrou a mobilização intensa dos trabalhadores do transporte público contra as privatizações e os aumentos nas tarifas. A paralisação unificada ganhou reforço com aprovação para um novo dia de protestos, marcado para este dia 28 de novembro, destacando uma luta que transcende o âmbito corporativo.

O foco principal da mobilização é a resistência às privatizações, com Diego ressaltando que esta não é apenas uma batalha pelos empregos dos metroviários, mas uma defesa dos interesses da população. “As linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), recentemente privatizadas, são exemplo dos problemas enfrentados quando a gestão é transferida para o setor privado. A Via Mobilidade é notoriamente propensa a falhas na cidade de São Paulo, e a intenção é evitar que situações semelhantes afetem todo o sistema de metrô”, afirmou.

Outro ponto crucial é a questão tarifária. O sindicalista destaca a discrepância entre as tarifas do metrô público e privado, evidenciando que, embora o usuário pague R$ 4,40 na catraca, o Estado desembolsa R$ 6,72 para as empresas privadas. “Esta disparidade financeira levanta questionamentos sobre a distribuição de recursos e a sustentabilidade do sistema público”, diz ele.

Ele ressalta que a paralisação tem como objetivo provocar uma reflexão por parte do governo estadual e conscientizar a população sobre as consequências das privatizações. Ele aponta para o sucesso do plebiscito realizado recentemente, onde diversas categorias votaram massivamente contra as privatizações. “É importante levar o debate para a sociedade, possibilitando que o povo paulista decida o futuro das empresas públicas por meio de um plebiscito oficial”, afirma ele.

Diego Pereira conclui desafiando o governador a ouvir diretamente a população, propondo um plebiscito oficial para que os paulistas expressem suas opiniões sobre as privatizações. “A mobilização não apenas busca a atenção do governo, mas também visa empoderar a sociedade na tomada de decisões que afetam diretamente a qualidade do transporte público e o destino das empresas estatais”.

O presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), José Faggian, também falou ao Vermelho destacando a grande expectativa em torno da greve geral marcada para esta terça-feira (28). A mobilização envolve diversos setores, desde professores municipais e estaduais até trabalhadores do metrô, todos unificados em uma pauta central: a resistência contra o avanço do processo de privatização.

Faggian ressaltou que a greve geral representa uma união significativa, reunindo profissionais de diferentes categorias, incluindo professores municipais, estaduais, Metrô e CPTM. “O foco comum é a oposição à privatização em curso e o projeto mais amplo defendido pelo governador Tarcísio”, disse.

O sindicalista destacou a importância de realizar um grande movimento na cidade e no estado de São Paulo durante a greve, culminando em um ato expressivo na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). “O objetivo não se restringe apenas a alertar para a privatização da Sabesp, mas também para o projeto mais amplo de privatização que o governador Tarcísio tem planejado para o estado”, ressalta.

Faggian salientou que o debate precisa ser aprofundado e que é fundamental criar elementos políticos que possam impedir o avanço do processo de privatização. Atualmente, o projeto encontra apoio na Alesp, onde o governador possui maioria, mas o sindicalista aponta para a importância dos municípios nesse contexto.

“A mobilização, além de buscar atenção para as questões centrais em torno da privatização, visa fortalecer o debate público e político sobre os impactos que esse processo pode ter não apenas nos setores diretamente afetados, mas também na população como um todo”, observa. Faggian sinaliza a determinação dos trabalhadores em resistir e criar uma frente unificada contra a privatização em São Paulo.

SUCATEAMENTO DO METRÔ

Ao final da audiência pública, Ricardo Senese, liderança da Federação Nacional de Metroviários, fez um discurso contundente, expressando solidariedade aos companheiros demitidos recentemente e reforçando a união das categorias em prol da resistência.

Senese destacou a luta persistente contra as privatizações, lembrando de momentos anteriores de mobilização, incluindo uma ocupação realizada em 2017 contra os avanços privatizantes da Prefeitura. Ele ressaltou a importância de manter a corrente de resistência ativa para fortalecer os serviços públicos.

O representante sindical mencionou a difícil situação enfrentada pela categoria metroviária, evidenciando a precarização do trabalho ao longo do tempo. Ele apontou para a sobrecarga de trabalho e a falta de funcionários, citando casos específicos na Estação Barra Funda, onde o número de funcionários reduziu drasticamente desde 2010.

O cerne da denúncia de Senese é a terceirização e precarização do trabalho, que, segundo ele, resultam em serviços sobrecarregados e arriscam a segurança dos passageiros. Ele enfatizou a urgência de realizar concursos públicos para repor quadros e melhorar as condições de trabalho.

Um ponto de grande impacto na categoria foi a comparação entre a arrecadação das vias privadas e das empresas públicas. Senese citou uma denúncia feita pelo Portal UOL, revelando que a Via Mobilidade, empresa privada, arrecadou significativamente mais do que as empresas públicas, enquanto transportava uma quantidade menor de passageiros. Esse dado fortalece a argumentação contra as privatizações.

A greve planejada foi destacada como uma ação não apenas contra as privatizações, mas também a favor de concursos públicos, representando uma resistência coletiva para melhorar as condições de trabalho e garantir a qualidade dos serviços prestados à população.

Senese encerrou o discurso criticando as declarações do governador Tarcísio e reafirmando a determinação da categoria em cumprir 100% da decisão da greve, independentemente de ameaças. Ele ressaltou que a união da categoria é fundamental para enfrentar os desafios e pressões do governo estadual.

Fonte: Portal Vermelho

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