Informativo
BOLSONARO RECUA SOBRE DECRETO DA PRIVATIZAÇÃO DE POSTOS DE SAÚDE
Por
Cézar Xavier
Após a forte repercussão negativa entre
parlamentares, ex-ministros e especialistas, o presidente Jair Bolsonaro
apressou-se em afirmar nesta quarta-feira (28) em rede social
que revogou o decreto que autorizava o Ministério da
Economia a realizar estudos sobre a inclusão das Unidades Básicas de
Saúde (UBS) dentro do Programa de Parcerias de Investimentos da
Presidência da República (PPI).
Depois da correria para revogar o decreto,
cabeças começaram a rolar, já que todos temem assumir a paternidade da ideia.
Embora este tipo de medida para reduzir custos em serviços públicos venha
sempre da pasta de Paulo Guedes, o Ministério comandado por ele disse, em nota
divulgada à imprensa, que a decisão de incluir UBS (Unidades Básicas de Saúde)
no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foi tomada após pedido do
Ministério da Saúde.
O problema é que o decreto é assinado por
Guedes e Bolsonaro e não consta assinatura de Pazuello. O ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello, por sua vez, encontra-se em isolamento por ter se infectado
com Covid-19 e não se manifestou.
Segundo a nota do Ministério da Economia, a
avaliação conjunta aponta para a necessidade da participação da iniciativa
privada no sistema para elevar a qualidade do serviço prestado ao cidadão,
racionalizar custos, introduzir mecanismos de remuneração por desempenho, novos
critérios de escala e redes integradas de atenção à saúde em um novo modelo de
atendimento.
“De acordo com o Ministério da Saúde, a
participação privada no setor é importante diante das restrições fiscais e das
dificuldades de aperfeiçoar o modelo de governança por meio de contratações
tradicionais”, informa a nota assinada pelo Ministério da Economia.
SEM
PORTA-VOZ, NEM NOTA OFICIAL
Como de costume, Bolsonaro se manifesta sobre
os assuntos mais importantes de seu governo por meio de postagens nas redes
sociais. No Facebook, Bolsonaro fala em decreto “já revogado”. Até o horário da
publicação, no entanto, a anulação do documento ainda não tinha sido publicada
no “Diário Oficial da União”. Segundo a Secretaria-Geral da Presidência da
República, a divulgação ocorrerá ainda nesta quarta.
“Temos atualmente mais de 4.000 Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e 168 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) inacabadas.
Faltam recursos financeiros para conclusão das obras, aquisição de equipamentos
e contratação de pessoal”, diz Bolsonaro na postagem.
“O espírito do Decreto 10.530,
já revogado, visava o término dessas obras, bem como permitir aos
usuários buscar a rede privada com despesas pagas pela União”, prossegue.
Como de costume, Bolsonaro se manifesta sobre
os assuntos mais importantes de seu governo por meio de postagens nas redes
sociais. No Facebook, Bolsonaro fala em decreto “já revogado”. Até o horário da
publicação, no entanto, a anulação do documento ainda não tinha sido publicada
no “Diário Oficial da União”. Segundo a Secretaria-Geral da Presidência da
República, a divulgação ocorrerá ainda nesta quarta.
“Temos atualmente mais de 4.000 Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e 168 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) inacabadas.
Faltam recursos financeiros para conclusão das obras, aquisição de equipamentos
e contratação de pessoal”, diz Bolsonaro na postagem.
“O espírito do Decreto 10.530,
já revogado, visava o término dessas obras, bem como permitir aos
usuários buscar a rede privada com despesas pagas pela União”, prossegue.
Meia hora depois, Bolsonaro editou a
publicação e adicionou mais um trecho, em que fala de uma possível reedição do
decreto.
“A simples leitura do Decreto em momento
algum sinalizava para a privatização do SUS. Em havendo entendimento futuro dos
benefícios propostos pelo Decreto o mesmo poderá ser reeditado”, escreveu.
DECRETO
O decreto sobre o tema foi publicado na terça
(27), assinado por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O
texto permitia que a pasta fizesse estudos para incluir as Unidades Básicas de
Saúde (UBS) dentro do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da
República (PPI).
O PPI é o programa do governo que trata de
privatizações, em projetos que incluem desde ferrovias até empresas públicas.
O texto do decreto 10.530 afirma que a
“política de fomento ao setor de atenção primária à saúde” estaria
“qualificada” para participar do PPI.
Segundo o decreto, os estudos sobre as UBS
deveriam avaliar “alternativas de parcerias com a iniciativa privada para a
construção, a modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.
REPERCUSSÃO
Deputados do PCdoB apresentaram o Projeto de
Decreto Legislativo (PDL) 457/2020 para barrar a tentativa de Bolsonaro de
privatizar o Sistema Único de Saúde (SUS).
Outros cinco projetos com o mesmo objetivo
foram apresentados pelos deputados Rogério Correia (PT-MG), Rubens Bueno (Cidadania-PR),
pela bancada do Psol, pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) e pelo líder da
Minoria, deputado José
Guimarães (PT-CE), respectivamente PDLs 454/20, 455/20, 456/20, 453/20 e
460/20.
“Privatizar essas unidades é tirar da
Constituição garantias legais de saúde pública e gratuita. Por isso queremos
impedir a tentativa do governo de privatizar o SUS. O governo já deu inúmeras
demonstrações de irresponsabilidade na prevenção de doenças e agora ainda quer
fazer negócio com a saúde da população? Não podemos permitir”, afirmou a líder
da bancada, deputada Perpétua Almeida (AC).
“Mesmo com hospitais e unidades de saúde
lotados, o que tem garantido o atendimento gratuito da população nesses tempos
difíceis de pandemia é o SUS”, afirmou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou
a importância das UBS, conforme ela lembrou, a “porta de entrada” para o SUS.
“Ali que se recebe a população de todas as idades, onde se fazem as primeiras
consultas, onde se fazem as vacinas e todo processo da medicina preventiva”,
ressaltou.
A deputada questionou qual seria o retorno
financeiro para quem investir em uma unidade desse tipo que recebe recursos
escassos. “Na tabela do SUS, um exame de glicemia vale menos que um picolé de
chocolate.” Ela acredita que a intenção do governo era cobrar por esses
serviços. “A tendência é a cobrança de voucher, de taxa da clientela, e a
clientela é a população mais pobre do Brasil.”
O PDL também é assinado pelo vice-líder da
bancada na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA). Para ele, o decreto de Bolsonaro
e Guedes é “um escárnio ao povo brasileiro”. “O que o Brasil precisa é de
fortalecimento do SUS. Temos, por exemplo, que assegurar que não haja o
desmonte de toda a rede incorporada para o tratamento da Covid 19. Segundo a
imprensa, já foram desativados 65% dos leitos abertos desde o início da
pandemia. Defender o SUS é vital para a saúde de milhões de brasileiros e
brasileiras. Não à privatização pretendida por Bolsonaro”, afirmou.
Assustador! Assim o ex-ministro da Saúde
Alexandre Padilha qualificou o decreto do governo Jair Bolsonaro. “O que é
muito absurdo? Primeiro acontecer no meio da pandemia, onde como você bem falou
os profissionais de saúde do SUS foram fundamentais. Depois, não envolver
municípios, nem o Ministério, nem os secretários de Saúde.”, criticou Padilha,
que é médico infectologista, em entrevista à Jovem Pan.
Deputado federal pelo PT-SP, Padilha explicou
que a situação é absurda, proque Bolsonaro e Guedes estão querendo vender algo
que não é deles. “O governo federal quer prospectar negócio que não é
competência do governo federal, mas dos municípios, que são responsáveis pelas
unidades de saúde”, reforçou.
Questionado pela jornalista sobre qual seria
o interesse das empresas privadas em administrar UBSs, se haveria lucro para
elas, o médico foi taxativo: “Só se fosse por desvio absurdo de recursos”.
O decreto do governo também foi recebido com
críticas pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), por representar uma ameaça à
universalidade do atendimento à saúde, prevista na Constituição.
Segundo a imprensa, até mesmo autoridades
militares criticaram o projeto temerosos de sua associação com o general
ministro da Saúde.
Fonte: Portal Vermelho, com informações das
agências de notícias
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