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Dentro do governo Bolsonaro, há o temor de que, se for demitido, Bebianno "saia atirando" Dentro do governo Bolsonaro, há o temor de que, se for demitido, Bebianno "saia atirando"
18/02/2019

BEBIANNO AINDA SEGUE MINISTRO; GOVERNO FARÁ ANÚNCIOS PARA CONTER CRISE

Diário Oficial da União desta segunda-feira (18) não traz a exoneração do ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência. Desde sexta-feira, há especulações de que o presidente Jair Bolsonaro já teria assinado a demissão de Bebianno – o que não se confirmou. Enquanto isso, o governo planeja uma ofensiva com agenda de anúncios para tentar abafar a crise do laranjal.

Segundo a Folha de S.Paulo, o momento de maior fragilidade política em 49 dias de governo Bolsonaro também tende a provocar a consolidação do poder militar na gestão federal. O general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto é cotado para o lugar de Bebianno. Se confirmado, será o oitavo ministro egresso da área militar no governo, que tem 22 pastas – Onyx Lorenzoni (Casa Civil) seria o último civil com assento no Palácio do Planalto.

O embate entre Bebianno, Bolsonaro e Carlos, filho do presidente, que alavancou a crise ao chamar o ministro de “mentiroso”, foi visto nos últimos dias com extrema preocupação pela ala militar do governo, que busca agora se impor para contornar o desgaste. Dentro do governo, há o temor de que Bebianno "saia atirando", que a bancada governista fique fechada no Congresso em meio à troca de acusações sobre as candidaturas laranjas do PSL e que as suspeitas do esquema alcancem outros estados além de Pernambuco e Minas.

Bolsonaro tentará atenuar esse desgaste ao apresentar ao Legislativo nesta semana dois projetos que tratam de bandeiras importantes da gestão: o combate à corrupção e o ajuste das contas públicas. Na terça-feira (19), o ministro Sergio Moro (Justiça) levará ao Congresso a proposta da lei anticrime, que está repleta de artigos inconstitucionais. 

Já na quarta (20), será a vez de a equipe econômica de Paulo Guedes entregar a proposta de reforma da Previdência. Bolsonaro fará um pronunciamento em rede nacional, na TV e no rádio para falar especialmente das mudanças nas regras da aposentadoria.

Segundo assessores, o presidente sabe que terá pela frente dificuldades com seu partido. A crise com Bebianno, que foi o braço-direito de Bolsonaro e presidente do PSL durante a campanha, deixa arestas a serem aparadas com o Legislativo. Aliados viram no processo de fritura pública do ministro deslealdade de Bolsonaro.

É previsto para esta semana ainda o anúncio dos líderes do governo no Senado e no Congresso, o que permitirá que o Executivo tenha representantes diretos nas negociações das pautas de votações das duas casas legislativas. Bolsonaro vai receber no Alvorada lideranças do Legislativo para discutir as propostas do governo. Na manhã de quarta será a vez de o PSL tomar um café da manhã com o presidente em uma conversa que busca realinhar o partido.

A tramitação da reforma da Previdência é uma das maiores preocupações hoje dos militares, que não veem no chefe da Casa Civil estofo para orientar o trabalho no Congresso. Esse grupo quer que Floriano Peixoto, hoje secretário-executivo de Bebianno, seja nomeado de forma definitiva.

Durante o fim de semana, ao confirmar que aguardava a oficialização de sua saída no Diário Oficial, Bebianno deu declarações demonstrando mágoa com o presidente. "A tendência é essa, exoneração", disse o ministro no sábado. "É um direito que ele tem exonerar quem ele quiser, é um governo dele", afirmou a jornalistas, reforçando que "agora é hora de esfriar a cabeça".

Bebianno é um dos alvos das denúncias de uso de candidaturas laranjas pelo PSL para desvio de dinheiro público do fundo eleitoral. No Diário Oficial desta segunda-feira, além de não haver a publicação do afastamento de Bebianno, aparecem atos assinados pelo próprio ministro. Um deles determina a competência para atuação na Secretaria de Administração da Presidência da República.

Fonte: Porta Vermelho, com agências

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