Informativo
ORLANDO SILVA: AFINAL, QUEM GOVERNA O PAÍS?
A
crise envolvendo o ministro Gustavo Bebianno e o PSL, partido do presidente da
República, é a segunda a subir a rampa do Palácio em menos de dois meses de
mandato. A primeira, ainda pendente de explicações, é a de Flávio Bolsonaro,
suas exóticas transações financeiras e relações com as milícias que atuam no
Rio de Janeiro.
Por Orlando Silva*,
no Jornal GGN
Em
ambos os casos, a extensão e os efeitos políticos dependem dos desdobramentos
das investigações, de quem mais estiver envolvido nas tramas e da forma de
enfrentamento a ser adotada pelo governo.
Mas
uma coisa é certa: está comprometida a imagem do presidente como mensageiro de
um novo tempo na política. Para quem se elegeu sob a bandeira do “contra tudo o
que está aí”, a descoberta de enriquecimento suspeito de familiares e de
relações comprovadas com criminosos gera um grande abalo de confiança.
No
caso do partido, então, com tantos indícios de uso de candidatas laranjas para
desvio de dinheiro público, temos uma espécie de aula prática em matéria de
“velha política”. Aqui, a depender das apurações, consequências eleitorais
podem atingir deputados e figuras importantes do PSL.
Ainda
que o presidente opte pela tática de “homem ao mar”, é difícil dissociá-lo
daquele que coordenou sua campanha e chefiou seu partido durante as eleições.
Ao corroborar comentário do filho, que chamou Bebianno de mentiroso pelas redes
sociais, Bolsonaro parece ter feito a escolha de descartar o auxiliar. Afinal,
se o ministro fica, o presidente tem em sua equipe um mentiroso; se ele pede
demissão, admite-se culpado; caso seja demitido, Bolsonaro passará a mensagem
de que o filho caçula é a eminência parda de Brasília.
O
que suscita outra questão: qual é a organização, qual é a hierarquia interna,
quem tem o leme na mão no atual mandato? Todo e qualquer governo tem divisões
de atribuições, mas algum tipo de coordenação delegada pelo mandatário a um
núcleo de confiança. No caso atual, a gestão parece assentar-se na
desconfiança, na intriga, na disputa. Na ausência do chefe, quem fala pelo
conjunto da administração?
Ora,
o presidente esteve fora de combate por 15 dias em virtude de complicações
cirúrgicas. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, até naturalmente,
procurou ocupar o espaço como voz temporária de comando. Foi alvejado de todos
os lados, apontado como abutre do poder, infiltrado e outros adjetivos
impublicáveis. Tudo porque afastou-se da retórica extremista e tosca do clã
bolsonaro-olavista – essa crendice pré-iluminista que cimenta ideologicamente o
bolsonarismo.
Agora,
com Gustavo Bebianno, a situação foi ainda mais grave, chegando-se ao cúmulo do
vazamento – certamente autorizado – de telefonema do próprio presidente através
das redes sociais. Admitindo-se que Bolsonaro coordenou a tática com o filho, a
fim de forçar a demissão do ministro, temos uma postura pusilânime, que
ensejará desconfiança em toda a sua equipe e prolongará a crise – seja com um
ministro desmoralizado, seja com um demitido furioso.
Se,
por outro lado, o presidente foi surpreendido pelo afã do filho caçula em
alvejar o desafeto, a coisa fica ainda mais grave: há uma inadmissível confusão
entre a vida pública e privada na família Bolsonaro, que humilha e fragiliza a
República. É como se complexas decisões governamentais fossem tomadas na mesa
do almoço de domingo, entre a macarronada e a sobremesa.
Não
é a primeira vez que o clã interfere em questões de governo. Basta lembrarmos
que o único parlamentar a acompanhar Bolsonaro na fatídica viagem a Davos foi o
filho Eduardo, aquele que rivaliza com o ministro Ernesto Araújo pelo posto de
pior conselheiro em política externa.
O
certo é que o acúmulo de confusões, em tão pouco tempo de mandato, tem gerado
mal-estar até em apoiadores mais ajuizados do presidente. É cada vez mais
pertinente a pergunta: afinal, quem governa o País? Até porque, quem não governa
nós já sabemos.
*Orlando Silva (PCdoB-SP)
é deputado federal e líder do PCdoB na Câmara | Charge Aroeira
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