Informativo

15/02/2019

EDITORIAL: O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL DE BOLSONARO

Um país à deriva. Essa é a impressão que passa a equipe econômica do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, liderada pelo ministro Paulo Guedes, com seu programa embalado pela “reforma” da Previdência Social como samba de uma nota só. O governo e a mídia querem fazer crer que tudo se resolverá quando o sistema de aposentadoria for reduzido a quase nada ou, dito de outra forma, o país não terá salvação enquanto os trabalhadores não perderem essa conquista.

No mundo da realidade, a situação é muito mais grave. O Brasil está abrindo mão dos seus instrumentos de fomento, como os bancos públicos — em especial o BNDES — e as estatais, fundamentais para proteger a economia nacional dos devastadores efeitos da crise global. Com a bússola ultraliberal e neocolonial apontando para o norte, onde está a catedral do mundo financeiro conhecida como Wall Street, o governo Bolsonaro, como havia anunciado na campanha eleitoral, deu as costas para a dura vida dos trabalhadores desde que a marcha golpista foi deflagrada, em meados de 2013.

Foi nesse processo que a economia despencou para o fundo do poço da recessão, ao mesmo tempo que a “reforma” trabalhista restituiu a base das relações sociais que precederam a Revolução de 1930. O resultado apareceu nos dados do informe anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT), indicando que o desemprego se manterá próximo de 12% pelo menos até 2020, número que está entre os mais altos do G-20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo. Os jovens são as principais vítimas dessa verdadeira catástrofe social — o número de pessoas entre 15 e 29 anos que estão sem trabalho e fora de instituições de ensino já ultrapassa 11 milhões. 

Tudo isso acontecendo em meio a prognósticos de mais um round da crise global. Um deles, o da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional n(FMI), Christine Lagarde, prevê um crescimento da economia mundial "mais lento do que o previsto", alertando para uma eventual "tormenta" econômica. Em janeiro, o FMI reduziu a projeção de crescimento global em 2019 de 3,7% para 3,5% devido às tensões comerciais, particularmente entre Estados Unidos e China. 

Lagarde falou sobre o que chamou de "as quatro nuvens" que pairam sobre a economia global, referindo-se aos conflitos comerciais, ao ajuste de juros, às incertezas relacionadas ao Brexit e à desaceleração da economia chinesa. Segundo ela, o conflito dos Estados Unidos com a China já impacta o comércio, as taxas de juros e os “mercados”. Para agravar a situação, o ajuste nos juros ocorre em um momento em que governos, empresas e os lares acumulam "dívidas muito pesadas". 

Na Europa, com sua economia patinando, o BCE tem atuado basicamente como salva-vidas nas crises de liquidez que atingem com frequência os bancos centrais dos países-membros periféricos. Segundo o economista Paul Krugman, em sua coluna no jornal The New York Times — reproduzida pelo O Globo — os sinais latentes de agravamento da crise global são a desaceleração na economia da China e da Europa, a guerra comercial e a crise política nos Estados Unidos (a queda de braços orçamentária do presidente Donald Trump com o Partido Democrata).

O governo Bolsonaro navega nesse cenário turbulento imaginando que é uma ilha. Sem um projeto de desenvolvimento e muito menos uma proposta para enfrenar os efeitos da crise global, é possível prognosticar dias difíceis para o povo brasileiro. A luta desesperada do establishment pela “reforma” da Previdência Social, que fecharia o pacote de maldades iniciado com a “reforma” trabalhista e a Emenda Constitucional 95 (aquela que congela os investimentos públicos), é o mais claro sinal de que este governo tem como projeto único administrar a economia de acordo com seus propósitos entreguistas para alimentar a ciranda financeira. Num cenário assim, fazer oposição significa somar todas as forças para impedir o avanço dessa política de terra arrasada.

Fonte: Portal Vermelho

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