Informativo
Câmara ameaça salvar a pele de um governo rejeitado pelo povo
Para
emplacar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a oposição usava o
discurso da "impopularidade" para justificar golpe. Agora,
diferentemente da rejeição de Dilma, que foi insuflada pela grande mídia -
principalmente pela Rede Globo -, o governo ilegítimo de Michel Temer bate
recorde de reprovação dos institutos de pesquisa, é denunciado por crime de
corrupção passiva e com uma base aliada dividida, ele se mantém no poder.
Por Dayane Santos
Pesquisa
Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) constata 70%
dos brasileiros consideram o governo Temer ruim ou péssimo. Já o levantamento
feito pelo instituto Paraná Pesquisas, divulgado nesta sexta-feira (28), mostra
que o governo de Michel Temer é reprovado por 86,1% da população.
Além
disso, 79,1% dos brasileiros consideram o governo de Temer ruim ou péssimo,
enquanto que apenas 4,6% o classificam como ótimo ou bom.
Para
deputados, cientistas políticos e economistas, Temer só se mantém no poder por
meio de manobras e compra de votos em troca de verbas, mais conhecido como toma
lá, dá cá. De acordo com a líder do PCdoB na Câmara, a deputada Alice Portugal
(BA), essa situação contraditória e de indiferença do Congresso Nacional com o
recado de reprovação das ruas tem origem no golpe contra o mandato de Dilma.
"O
descompasso tem um pecado original. O Temer não foi votado. Ele compunha uma
chapa de aliança de centro-esquerda, no entanto, nunca teve sufrágio popular à
sua figura. Além de ser fruto de um impeachment fraudulento, ele implementa um
programa de governo que também não foi aprovado nas urnas, pelo contrário, foi
o programa derrotado do candidato Aécio Neves", enfatizou a deputada
comunista, destacando que esse programa inclui privatizações, quebra d
soberania, de reformas ultraliberais e a posição de submissão ao capital
rentista.
"Temer
implementa um projeto derrotado nas urnas e por isso mesmo fala com todas as
letras que ele não tem compromisso ou preocupação com popularidade. Construiu
uma maioria no Congresso na base do toma lá, dá cá que adotam medidas que vão
na contramão do povo e do país", frisou a parlamentar.
O
deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA)também concorda que a a maioria que compõe a
base do governo demonstra "que não tem nenhuma sensibilidade para as
demandas populares".
"Não
tem vínculo com o povo", salienta o deputado, destacando que ao ignorar a
rejeição de Temer, o Congresso revela ser "predominantemente conservador e
de interesses mesquinhos".
"Tenho
dúvidas até quando essa base vai se sustentar, porque a pressão da rua vai
aumentando e cada vez mais deputados vinculados a essa agenda do governo vão
fincando com dificuldades de circular nas ruas", declarou Daniel Almeida.
Segundo ele, a votação da denuncia contra Temer por corrupção passiva, mercada
para o dia 2 de agosto, vai revelar esse distanciamento, e como o
procurador-geral, Rodrigo Janot, já disse que haverá outras denúncias, a
distância deve aumentar o isolamento de Temer.
Wadih
Damous, deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro, também afirma que o
desgaste do governo é muito grande e só se manteve no poder às custas de compra
de votos através de emendas".
"De
qualquer maneira, o noticiário dá conta de que outras denúncias virão. Se ele
passar por essa, não sei se vai passar pelas outras", disse Damous, que
afirmou em entrevista ao Jornal do Brasil que os deputados da base do
governo "não tem exatamente medo do povo, e sim de não se reeleger".
"O
jogo ali não é de lealdade, o jogo é de interesses. Como diria Ulysses
Guimarães, 'O dia do benefício é a véspera da ingratidão'", frisou.
Como
apontou os parlamentares, a manutenção de Temer nessa estratégia tem tempo
determinado para acabar. Mas é preciso levar em conta o jogo de interesses que existe
na base aliada que sustentou o golpe, que tem a agenda de reformas como
principal pauta.
Significa
dizer que se for preciso manter Temer no poder para levar adiante as reformas e
pavimentar o caminho das eleições, mantendo o ataque contra o campo progressista,
a direta vai sangrar o Temer.
Também
em entrevista ao Jornal do Brasil, o professor do departamento de Ciência
Política da Unirio, Felipe Borba, declarou: "Acredito que a impopularidade
do Temer terá um impacto mínimo na sua relação com os parlamentares. Por um
motivo muito simples: Temer foi colocado no poder por esses mesmos políticos,
com o propósito de implementar a agenda impopular que ele vem implementando, de
reforma da Previdência, trabalhista".
De
acordo com o professor, enquanto Temer continuar implantando a agenda de
reformas "ele terá apoio não só dos parlamentares como do mercado e do
mundo empresarial.
O
cientista político Guilherme Carvalhido, professor da Universidade Veiga de
Almeida, endossa essa opinião. "O Congresso não tem se mostrado incomodado
com essa impopularidade. O Maia admitiu que tem o controle da casa e que o
Temer vai ganhar nessas acusações de corrupção colocadas pelo MP. Essa
declaração mostra que é muito provável que ele vença", ressaltou.
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