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25/07/2017

Dilma: O Brasil precisa de um pacto por baixo, alguém eleito pelo povo

A presidenta eleita Dilma Rousseff, em entrevista à rádio Tabajara, da Paraíba, nesta segunda-feira (24), afirmou que “ficou claro quem eram os golpistas”. Citando nominalmente Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer, a presidenta disse que “o golpe e os golpistas mostraram a sua verdadeira cara”.

A presidenta afirmou que “deram o golpe porque perceberam que por quatro eleições perderam”, e como o projeto de governo da direita foi derrotado, “decidiram dar o golpe porque não poderiam aplicar o modelo deles via eleições”.

“Esse golpe está em andamento. A primeira etapa foi o impeachment. E a segunda etapa é a eleição indireta”, destacou ela, apontando que o objetivo é impor uma agenda das reformas.

Dilma disse ainda que a crise política do país só tem uma saída: eleições diretas. “No Brasil, sem eleição direta, não se pode construir legitimidade para fazer as reformas reais – não essas que estão aí, que é para tirar direito do povo”, declarou.

Para ela, “a democracia é a coisa mais importante que nós temos”, inclusive para a economia. “Sempre que o Brasil teve democracia, ele cresceu. Sempre que a democracia foi reduzida, o Brasil perdeu. Nós precisamos de processo de eleições diretas sem casuísmo, sem tirar ninguém do pleito. O Brasil precisa se reencontrar, precisa de um pacto por baixo, alguém eleito pelo povo”, disse a presidenta.

REFORMAS 

Dilma voltou a criticar as medidas do governo Temer, principalmente os cortes nas áreas sociais. “Estão acabando com o Bolsa Família, reduziram em 800 milhões, reduziram o número de famílias em 1 milhão e 200 mil. Em momento de crise, em que tinha que aumentar os benefícios, reduziu o número de famílias. A mágica que fizeram foi a da exclusão”, afirmou a presidenta.

“O país que tiramos do mapa da fome hoje vemos ser desmontado”, acrescentou Dilma, apontando ainda que a reforma trabalhista tira, pela primeira vez em 70 anos, a proteção do lado mais fraco, que são os trabalhadores.

“O que é a regulação do mercado de trabalho? É equilibrar essa relação. Não é pender para um lado, mas garantir que o lado mais fraco tenha a necessária proteção”, frisou.

“É impossível considerar em qualquer lugar do mundo que uma mulher grávida ou lactante trabalhe em local insalubre. Todo mundo protege o seu futuro”, disse ela, se referindo a um dos itens aprovados pela reforma. “O que eles colocaram nessa legislação mostra o extremo do absurdo”, completou.

Dilma ainda questionou quais são os indicadores que demonstrem que tais medidas vão levar ao aumento do emprego, melhoria da atividade econômica, ampliação da demanda. “As evidências mostram o contrário. Estudos do Banco Mundial, Banco Central Europeu e do FMI mostram que não há correlação, não há relação positiva entre reforma trabalhista, desregulamentação do mercado de trabalho e aumento da produção e do emprego”, afirmou. 

“Eles não só destruíram as nossas políticas sociais, como destruirão todas as políticas sociais acumuladas pelo Brasil desde 1943”, salientou.

LULA

Dilma também manifestou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou a condenação proferida pelo juiz Sérgio Moro que, segundo ela, foi pautado não em provas, mas em convicções.

Para Dilma, o julgamento de arbitrariedades “cria uma situação perigosa”, porque rompe com o princípio básico da democracia, de que todos são iguais perante a lei. “Quando você cria um único que não é igual, você entra no perigoso terreno do fascismo”, afirmou.

Ela afirmou que o objetivo é impedir que Lula dispute as eleições por meio de uma perseguição jurídica. “Lula não sofreu só com abuso de autoridade, mas acho que está em curso em relação ao Lula é o lawfare. É um paralelo com a guerra. A guerra quer destruir o inimigo fisicamente, mas no mundo democrático ocorre o uso da lei como arma para destruir do ponto de vista civil uma pessoa. Julga, condena, pune e tira as condições morais e éticas dela se construir e se colocar politicamente. Ela tem como decorrente a justiça do inimigo. Você não quer julgar, quer destruir”, destacou.

Do Portal Vermelho | Foto: Roberto Stuckert Filho

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