Informativo
Porque a direita teme a eleição de 2018
Em
toda a história republicana o Brasil nunca viveu uma crise semelhante à atual,
caracterizada pelo maior e mais profundo divórcio entre o governo federal e o
conjunto da nação.
Por José Carlos Ruy*
Os
brasileiros não se reconhecem neste governo federal, que não elegeram. E, pior
que isso, não há nenhum outro elemento que dê legitimidade ao usurpador Michel
Temer e sua turma.
Há,
antes, a percepção, que se generaliza, de ser um governo golpista que age
contra os interesses dos brasileiros e da nação, promovendo um enorme ataque
contra a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional.
Há
apenas um setor que se sente contemplado pelas “reformas” reacionárias e as
medidas anti-democráticas e antinacionais do governo golpista - o setor
financeiro e seus propagandistas e ideólogos.
Esse
apoio é revelado na entrevista que o economista neoliberal Armírio Fraga deu ao
jornal Valor Econômico, nesta quarta-feira (12). Nela, o cardeal tucano
revela as apostas e inquietações da direita neoliberal. Neste momento, diz a
preocupação mais importante não é com a economia – “o mais importante é que as
instituições funcionem” diz, esperando que consigam resolver “a crise política
e moral” sem apelar para a economia. Isto é, mantendo as “reformas”
reacionárias e neoliberais que o governo golpista já fez. "Se houver perda
de credibilidade nas instituições porque elas estão agindo de forma errática,
será mais grave", disse.
Ele
defende as “reformas” reacionárias, trabalhista e previdenciária, da dupla
Michel Temer/Henrique Meirelles; radicaliza em relação às privatizações e acha
que o governo deve se desfazer de todas as empresas estatais (entre elas a Petrobras
e o Banco do Brasil), e quer a manutenção da equipe econômica, dirigida por
Meirelles, num eventual governo que substitua o ilegítimo Michel Temer.
Para
ele, se a política vai mal, a economia está bem devido às medidas já adotadas
por Temer.
Mas,
pensa, há algo que ainda atrapalha a recuperação da economia – a perspectiva da
eleição de 2018, que suscita os temores da direita. Eleição que, sabem, será
difícil de ganhar com seu programa antipopular e antinacional; seu resultado,
pensa o economista neoliberal, pode ser a eleição de um presidente que mude a
“boa economia” do governo ilegítimo – boa para os especuladores financeiros,
faltou dizer. E descambar “para algum tipo de populismo”, e isso seria
“trágico”, diz.
Ele
descreve, com clareza – e lado! – o conflito de classes vivido hoje pelos
brasileiros: escolher entre o radical e nefasto neoliberalismo defendido pela
direita e pelo setor financeiro, e o que chama de “populismo” de um governo que
possa restaurar as conquistas do período Lula/Dilma e as aprofunde,
consolidando a democracia, o respeito aos direitos do povo e dos trabalhadores,
e a soberania nacional.
Armírio
Fraga tem razão – a disjuntiva que descreve é real e em 2018 o Brasil pode de
fato restaurar a democracia (chamada por ele, com desdém, de “populismo”), e
derrotar mais uma vez o lado da luta política que ele defende – o da rica e
poderosa especulação financeira.
*José Carlos Ruy é
jornalista e escritor.
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