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24/03/2018

Para Temer, covardia é não tentar reeleição, mas retirar direitos pode

Com a mentalidade daqueles que menosprezam a capacidade do povo em decidir o seu destino, Michel Temer passou a semana dizendo que estava "pensado" em ser candidato nas eleições de outubro.

Em entrevista à revista IstoÉ, veículo que integrou a campanha do golpe que levou Temer ao poder, o peemedebista afirmou que seria “covardia” não tentar a "reeleição".

Além de não se tratar de "reeleição", já que Temer era vice e chegou ao poder por meio de um golpe contra o mandato da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff, Temer tenta criar um falso ambiente de popularidade. Ele finge ignorar as pesquisas que o colocam como um dos mais rejeitados da história a ocupar a Presidência da República.

Na entrevista publicada nesta sexta-feira (23), ele disse que a ideia de concorrer à reeleição foi tomada no último mês, após o que classificou como “ataques morais” e “desconstrução” do que considera de seu legado no governo.

Denunciado pela procuradoria-geral da República por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça, o que Temer chama de legado é considerado como o desmonte do estado brasileiro, com reformas que retiram direitos dos trabalhos e reduzem o papel do stado, ameando a soberania do país.

Desde que assumiu o poder, em maio de 2016, Temer prometeu em troca de apoio político se comprometeu, a não disputar a corrida presidencial, sendo que este espaço certamente estava garantido aos tucanos, especialmente ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi um dos encabeçadores do golpe.

Com o vácuo existente desde que os vazamentos dos telefones de Aécio e outros tucanos, Temer tentar ser o herdeiro do golpe e diz ser “natural que quem preside a Nação dispute a eleição”.

Temer afirmou ter ouvido de aliados que seria “covardia” não disputar a reeleição e passou a adotar o discurso. Ele afirma que "recuperou um país que estava quebrado" e se orgulha de seu governo.

Mas apesar de fazer um discurso de quem está na ofensiva, Temer deixa transparecer a sua real preocupação: “Se eu não tiver uma tribuna o que vai acontecer é que os candidatos sairão e vão me bater. E eu vou ter que responder. Só que não vou ter tribuna.”

Pesquisa Pulso Brasil do Barômetro Político Estadão-Ipsos, divulgada nesta sexta (23), mostra que a rejeição de Temer continua em patamar recorde ás vésperas de deixar o governo.

O índice de aprovação continua em 4% há quase um ano. Isso mesmo depois do decreto de intervenção federal na área de segurança pública do Rio de Janeiro que o governo definiu como uma “tacada de mestre” para alavancar a popularidade de Temer.

Questionado se não considerava a popularidade de apenas 4% um índice muito baixo para quem deseja se candidatar, Temer revelou o seu descompasso com a realidade e disse que “já dobrou 100%: de 3% para 6%”. “Agora, se aumentar de 6% para 9%, já aumenta 50%”, disse.

Os índices citados pelo presidente são da última pesquisa CNI/Ibope, divulgada no fim do ano passado. Na tentativa de reverter o quadro, Temer deve visitar diversos estados para “realçar suas realizações” e tentar se aproximar do eleitor.

Temer disse que a a baixa popularidade é resultado da gravação que integra a delação premiada dos ex-executivos da JBS e assume uma personificação da Presidência da República. “A Presidência da República é uma coisa honrosa especialmente pelo que fizemos pelo país. Mas é muito desonroso a destruição da sua reputação moral. E isso foi o que tentaram”.

Como se ele não tivesse endossado cada palavra do empresário da JBS na conversa que teve no Palácio do Jaburu, Temer diz que foi vítima de uma tentativa de destruir a sua moral, o que resultou na sua impopularidade, uma vez que as pessoas “têm vergonha de dizer que apoiam”. Mas é muita gente com vergonha, né?!

Segundo Temer, seu partido já trabalha em uma proposta para emplacar sua candidatura, com o “Ponte para o Futuro 2”, que está sendo elaborado com a ajuda de correligionários como Moreira Franco, intelectuais do MDB e a Fundação Ulysses Guimarães.

Temer diz ainda que o ideal seria “uma candidatura de centro, uma candidatura de extrema-direita, se for o caso, uma candidatura de esquerda” para deixar o ambiente bem polarizado. 

Fonte: Dayane Santos do Portal Vermelho, com informações de agências | Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

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