Informativo
MANIFESTO EM DEFESA DE UMA JORNADA DE TRABALHO MAIS HUMANA
Nós, dirigentes das
centrais sindicais brasileiras, unimos nossas vozes ao clamor nacional pela
redução da jornada de trabalho sem redução de salários. Esta bandeira histórica
da classe trabalhadora entrou na ordem do dia em todo o mundo em resposta à
necessidade de adaptação do mercado de trabalho, ao avanço da automação e
mudanças operadas no processo de produção.
No Brasil, esta luta
se traduz em diferentes propostas de emenda constitucional que têm por objetivo
a redução da jornada sem redução dos salários e pelo fim da extenuante jornada
6×1, incompatível com a dignidade do trabalhador, e pela implantação da Semana
de 4 Dias.
A última redução
legal da jornada de trabalho no Brasil foi consagrada na Constituição de 1988,
que encurtou de 48 para 44 horas o limite de horas trabalhadas por semana. A
mudança na legislação foi influenciada pelas campanhas salariais de novembro de
1985, quando diversos sindicatos conquistaram a redução da jornada em suas
convenções coletivas.
Desde então, o mundo
do trabalho passou por transformações revolucionárias com a introdução de novas
tecnologias no processo de produção. Lutamos para que a automação resulte em
mais tempo livre e nunca em desemprego. Defendemos a valorização do trabalho
formal, com registro em carteira e a garantia de direitos, e o fortalecimento
das entidades sindicais para fiscalizar e assegurar a implementação dos
direitos trabalhistas conquistados e ampliá-los à base de muita luta e
resistência.
Proposto pelo
movimento Vida Além do Trabalho (VAT), um abaixo assinado eletrônico exigindo o
fim da escala 6×1, em que se trabalha de segunda a sábado, já tinha conquistado
2.844.579 assinaturas até a tarde do dia 13 de novembro. O tema viralizou nas
redes sociais, num outro sinal de que é um forte anseio da classe trabalhadora.
Na quinta-feira
(13), a PEC apresentada pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP) que estabelece o
fim da escala 6×1 e reduz a jornada para 36 horas semanais já tinha conquistado
194 assinaturas, número superior aos 171 necessários para iniciar sua
tramitação na Câmara Federal, o que já constitui uma vitória da mobilização
popular.
A redução da jornada
promove uma maior humanização das relações sociais de produção, aumenta a
qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, produz bem estar e reduz a
incidência de doenças ocupacionais como o burnout, o estresse e a ansiedade.
Assinale-se que
essas doenças provocam uma queda sensível na produtividade do trabalho no
Brasil. Nosso país é vice-campeão no ranking mundial da síndrome de burnout,
perdendo apenas para o Japão. Estudos indicam que 30% dos trabalhadores e
trabalhadoras padecem deste mal, o que resulta em um prejuízo equivalente a
3,5% do PIB.
Os benefícios da
redução da jornada não se limitam à classe trabalhadora, mas são logo
percebidos pelo conjunto da sociedade.
A experiência
histórica e a ciência mostram que a redução da jornada aumenta a intensidade e
a produtividade do trabalho. Na Islândia, a introdução da Semana de 4 Dias é
apontada como causa do crescimento de 5% do PIB em 2023, avanço de 1,5% na taxa
de produtividade, redução do desemprego e da síndrome de burnout, e notório
aumento da satisfação e do bem-estar dos trabalhadores.
No Brasil, a redução
da jornada sem redução de salários e sem aumento das horas extras deve
estimular a criação de até seis milhões de novos postos de trabalho. Trata-se
de um componente destacado da agenda por um novo projeto nacional de
desenvolvimento aprovada na Conclat e uma luta estratégica e multissecular dos
assalariados e das centrais sindicais. Conclamamos a classe trabalhadora e o
conjunto do movimento sindical à mobilização pelo fim da escala 6×1 e a redução
da jornada de trabalho para o máximo de 36 horas semanais.
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Atnagoras Lopes, coordenador da CSP-CONLUTA
José Gozze, presidente da Pública Central do Servidor
Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de
Trabalhadores
Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Fonte: Portal CTB
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