Informativo
Em novo golpe, Temer quer que Brasil seja semipresidencialista
Não satisfeito em derrubar Dilma Rousseff da Presidência da República, Michel Temer prepara um novo golpe: a mudança do sistema de governo no Brasil. O peemedebista já afirmou que governa em um regime “quase semipresidencialista”, onde a Câmara “deixou de ser um apêndice para ser parceira do governo” e pretende estabelecer o modelo como regra no país.
Para tanto, Temer tem se reunido com seus “conselheiros”, os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), além do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a ideia pode entrar na pauta do Congresso após a votação da reforma da Previdência (PEC 287/16).
Como o próprio nome sugere, o projeto busca retirar poderes da Presidência e ampliar o poder de barganha dos parlamentares em futuros governos. A iniciativa depende, porém, do aval do STF para ser votada sem uma consulta prévia à população. O tema está parado no Supremo, mas no último dia 15 de novembro, o ministro Alexandre de Moraes (ex-ministro da Justiça de Temer), avisou a seus pares que está pronto para ser julgado um mandado de segurança sobre a adoção de mudanças no sistema no governo. Se o mandado for à votação e a maioria dos ministros entender que não é necessário consultar a população sobre o sistema de governo, o Congresso tem o caminho pavimentado para debater o semipresidencialismo.
Deputados da Oposição têm criticado a proposta. Para o deputado Chico Alencar (PSol-RJ), é impossível fazer uma mudança deste porte sem uma reforma política de verdade e sem ouvir o povo.
“Essa proposta tem um pecado original e não me desperta nenhuma simpatia ou esperança: está sendo urdida em gabinetes e ambientes acarpetados, fora de uma visão de conjunto de uma ampla reforma política. Está sendo discutida de cima para baixo, sem envolvimento da população. Reforma política sem povo não cria nada de novo”, criticou Chico Alencar.
A proposta, que ainda está sendo esboçada, segundo divulgado por jornais da grande imprensa, deve chegar ao Parlamento por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição. No entanto, o líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), acredita que o assunto só poderia ser discutido dentro de uma nova Constituinte.
“Essa situação já foi resolvida em 1993 e só poderia ser reaberta com uma nova Constituinte com poderes para tal. Não cabe nenhuma PEC para mudar para o semipresidencialismo, que na prática é o parlamentarismo, só mudou de nome. O povo brasileiro quer o voto direto. O voto indireto desvirtua a democracia. É uma proposta elitista, que afasta o povo das as decisões do presidente”, disse.
A ideia de alterar o sistema de governo em vigor no Brasil, o presidencialismo, já foi levada duas vezes à consulta popular, em 1963 e 1993. Nas duas, o resultado foi contrário à alteração. Em 1963, o placar foi de 18% (parlamentarismo) a 82% (presidencialismo) e, em 1993, de 30% a 70%.
RASCUNHO
A versão preliminar do texto aumenta os poderes do Congresso, embora o presidente continue sendo forte, com prerrogativa de propor leis ordinárias e complementares. O modelo estabelece ainda um contrato de coalizão, com força de lei, assinado por partidos que dão sustentação ao presidente da República. A ideia é que ali constem as diretrizes e o programa de governo.
O presidente da República continua sendo eleito pelo voto direto, mas indica o primeiro-ministro, que deve ser um integrante do Legislativo e precisa ter o nome aprovado pelo Congresso. Inspirado nos sistemas francês e português, o modelo extingue a figura do vice-presidente.
Chefe de Estado e comandante das Forças Armadas, o presidente, nesse regime, tem poderes para dissolver a Câmara – mas não o Senado – e convocar eleições extraordinárias, em caso de “grave crise política e institucional”. Para tomar uma decisão dessa envergadura, ele precisaria de autorização do primeiro-ministro e dos presidentes da Câmara e do Senado.
Para o líder da Minoria no Senado, Humberto Costa (PE), esta é mais uma tentativa de impedir mudanças estruturais no governo. “Isso é mais uma armação. Mais uma tentativa de impedir que possamos voltar ao poder. Qualquer mudança precisa passar pelo crivo da população. O que estamos precisando é de uma reforma política de verdade. O problema não é o presidencialismo, mas o presidencialismo com as distorções que temos”, disse.
Nas discussões recentes sobre reforma política, a bancada do PCdoB foi unânime ao defender a ampliação de mecanismos de democracia direta. Para o deputado Orlando Silva (SP), não é hora de debater mudança no sistema de governo, mas dar um “choque de democracia”. “Precisamos de uma mudança para valer, que reconecte a sociedade brasileira com o debate político, que busque construir uma representatividade de partidos, de políticos e da política, e não de mudança de regime adotado no país. Isso é mais golpe deste governo”, afirmou.
Fonte: Portal Vermelho, com agências | Foto: Antonio Cruz/Agência BrasilVeja mais
-
Pressão popular e resistência parlamentar adiam sessão que analisa desmonte da Eletrobras
A pressão funcionou. Foi mais uma vez adiada a reunião da comissão especial que trata da privatização da Eletrobras (PL 9463/18) ...22/03/2018 -
Prisão após segunda instância viola a Constituição, diz jurista
Advogado criminalista, Alamiro Velludo Salvador Netto, professor titular do Departamento de Direito Penal, Medicina Forense e Cr ...22/03/2018 -
Manuela critica proposta de Temer para ensino médio: Golpe na educação
A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila, criticou duramente a nova proposta do governo Temer de “re ...21/03/2018 -
Grupo de trabalho das centrais debate agenda 2018 e documento a ser lançado no 1º de Maio
Ocorreu na tarde dessa terça-feira (20), na sede do Dieese em São Paulo, a primeira reunião do Grupo de Trabalho criado pelas ce ...21/03/2018 -
"Só unidos poderemos derrotar a municipalização da reforma da previdência", diz Claudete Alves
Claudete Alves, presidenta do Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin) de São Paulo afirma a disposição de luta das servidor ...20/03/2018 -
Economia encolhe em janeiro e desmente otimismo de Temer
Contrariando o otimismo do governo, a economia brasileira começou o ano de 2018 em contração. O Índice de Atividade Econômica do ...20/03/2018 -
Adilson Araújo: De quem é a culpa?
O brutal assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL-RJ) na noite de quarta-feira (14) causou uma comoção mundial e p ...16/03/2018 -
"Tentaram calar 46 mil mulheres negras", afirma irmã de Marielle
Ao deixar o Instituto Médico Legal (IML), Anielle Silva, irmã da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Centro do Rio ...15/03/2018 -
FSM: tenda da CTB debate reforma trabalhista e desafios do movimento sindical
Parte das atividades do Fórum Social Mundial (FSM) foi interrompida na manhã desta quinta-feira (15) para homenagear a ...15/03/2018 -
Fórum Social Mundial: CTB participa de debate com trabalhadores da educação
O secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nivaldo Santana, participo ...14/03/2018 -
Temer engasga ao falar do golpe que o levou ao poder
Durante cerimônia na Federação das Associações Comerciais de São Paulo, nessa terça-feira (13), Michel Temer tentou demonstrar r ...14/03/2018 -
Marcelo Toledo: A Revolução 4.0 e o Brasil
Vivemos os primórdios da 4ª Revolução Industrial (ou Revolução 4.0). É a emergência, nas mais diversas áreas, de novas tecnologi ...13/03/2018 -
Relator da Previdência admite: "Não temos votos, não adianta"
O deputado federal Arthur Maia (PPS-BA), relator da Reforma da Previdência na Câmara, admitiu nessa segunda-feira (12) que o gov ...13/03/2018 -
CTB Bahia realiza debate sobre reforma trabalhista e desafios do movimento sindical
A CTB Bahia realiza no próximo dia 15 de março debate sobre Reforma Trabalhista e desafios do Movimento Sindical como atividade ...09/03/2018 -
REINALDO: COM LULA CONDENADO SEM PROVAS, STF ENGAVETA A CONSTITUIÇÃO
247 - Em sua coluna desta sexta, Reinaldo Azevedo voltou a criticar a postura do Judiciário diante da condenação sem provas do ex ...09/03/2018 -
Pelo que nós, mulheres, lutamos hoje?
É lugar comum listar as importantes conquistas que as mulheres alcançaram nos últimos anos. Ninguém nega que a luta feminista no ...08/03/2018 -
Centrais sindicais se reúnem nesta sexta (9) e preparam agenda unificada para 2018
As centrais sindicais (CTB, CSB, CUT, Nova Central, Força Sindical e UGT) se reúnem nesta sexta-feira (9), às 15h, no Dieese,&nb ...08/03/2018 -
Lei Trabalhista: Incertezas e ações de inconstitucionalidade na justiça
Mais de 12 milhões de desempregados, aumento do trabalho informal e demissões em massa. São esses os primeiros resultados dos tr ...07/03/2018 -
8 de março: contra a violência, as mulheres vão à luta para serem respeitadas como deve ser
Em todo o mundo, as mulheres marcham nesta quinta-feira (8) - Dia Internacional da Mulher - pela igualdade de direitos e pelo fi ...07/03/2018 -
No mês da mulher, Câmara vota projeto que aumenta pena para crime de estupro coletivo
No dia/mês internacional da mulher (8 de Março), o plenário da Câmara dos Deputados vai votar temas de interesse das mulheres. E ...06/03/2018