Informativo
PARA ACABAR COM A VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO É PRECISO DIZER "ISSO NÃO"
Por Marcos Aurélio Ruy
Na quinta-feira (4) nasceu a campanha “Isso Não” contra a
violência política de gênero no país. Uma verdadeira frente ampla se formou
para conduzir e a campanha, que agrega diversos movimentos e coletivos que
lutam pela emancipação feminina, por equidade, igualdade de direitos e respeito
à diversidade e dignidade humanas.
“A campanha se soma à luta de todas as mulheres para acabar com
a violência de gênero, que coloca o Brasil como o quinto país mais violento
contra as mulheres e o primeiro contra a população LGBTQIA+”, afirma Celina
Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB).
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública uma mulher
é agredida a cada 2 minutos no Brasil. Institutos de pesquisa comprovam que a
situação piorou muito durante a pandemia ao mesmo tempo em que cresce a
violência política de gênero. “Isso não pode mais continuar”, diz Gleicy Blank,
secretária da Mulher da CTB-ES. “Somente unidas conseguiremos barrar a
misoginia, o ódio, a violência e derrotar o bolsonarismo”.
Essa campanha, afirma Lenir Piloneto Fanton, secretária-adjunta
da Mulher Trabalhadora da CTB, deve motivar uma maior participação das mulheres
na vida política. “Precisamos ir além e disputar os cargos eletivos em todos os
níveis para elevar o debate sobre a emancipação feminina nestes tempos
sombrios”. Fiscalizar a aplicação da política de cotas nos partidos é um bom
começo.
“A emancipação das mulheres virá quando ela ocupar a política”,
diz Michely Coutinho, secretária da Mulher da CTB-GO e de Diversidade do
SINT-IFESGO. Por isso, diz ela, “é fundamental que os movimentos sociais e o
sindical priorizem o combate à violência política contra as mulheres”.
Como
uma das mulheres mais agredidas na política, Manuela D’Ávila acentua que “a violência
política de gênero obstrui o debate sobre projetos e coloca no centro a nossa
condição de mulher” e “essa ideia do debate obstruído, para nós, é o centro da
construção dessa campanha”.
Além de Manuela participaram do lançamento da campanha transmitido
pela Nave Coletiva, Marina Helou (Rede-SP), deputada estadual por São Paulo;
Bruna Brelaz, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE); Isa Penna,
(PSol-SP), deputada estadual por São Paulo; Erika Hilton (PSol-SP) vereadora na
capital paulista, Juliana Cardoso (PT-SP), vereadora em São Paulo e Paula
Nunes, covereadora pelo PSol.
Valéria Morato, presidenta da CTB-MG, argumenta que “campanhas
como a ‘Isso Não’ são fundamentais para coibir o ódio, o machismo, e valorizar
a participação política das mulheres na vida do país e na construção de uma
democracia que consolide, na prática, a igualdade entre os gêneros”. Porque
“lugar da mulher é onde ela quiser”.
Ao concordar com Valéria, a secretária da Mulher da CTB-SP,
Heloísa Gonçalves de Santana fala sobre a importância do lançamento da “Isso
Não” no Mês da Consciência Negra e próximo ao período da campanha 16 Dias de
Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que “ocorre em mais de 160
países de 25 de novembro a 10 de dezembro”. No Brasil, “a manifestação se soma
ao Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro – com 21 dias de
ativismo”.
“Nós somos mulheres com diferentes trajetórias e todas temos uma
coisa em comum: todas temos a nossa militância e nossos mandatos obstruídos por
esses instrumentos”, diz Manuela D’Ávila na live de lançamento da campanha.
Segundo a pesquisa Visível e
Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, feita pelo
Datafolha para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 17 milhões – 1 em cada
4, acima de 16 anos – de mulheres disseram ter sofrido algum tipo de violência
entre meados de 2020 e 2021.
“Compreender e enfrentar os mecanismos de machismo e misoginia
na política brasileira é necessário” para que “não se repita parte do processo
do golpe contra a presidenta Dilma, em 2016”, acentua Michely. “Nossa tarefa é
conquistar a equidade de gênero na política, na sociedade e na vida”.
Valéria lamenta que “diariamente, somos vítimas de
desqualificação, difamação, ameaças e xingamentos, muitas vezes em forma de
fake news, nas redes socais, ou mesmo pessoalmente, através do deboche das
nossas posições e da interrupção das nossas falas, do preconceito contra nossas
roupas, maquiagem e forma física. Muitas de nós somos assediadas moral e
sexualmente em plena luz do dia”.
Por isso, a campanha “Isso Não” pretende incorporar à luta
política “o combate à misoginia, ao racismo”, diz Manuela. “Sem mulheres na
linha de frente, não há democracia. Quando tentam nos invisibilizar
politicamente, não existe democracia”.
Celina reforça a importância da “Isso Não” ao afirmar que “a CTB
apoia integralmente essa campanha como forma de empoderar a luta da mulher por
vida digna e com respeito às suas vontades e desejos”. Para ela, “ter mais
mulheres na política significa fazer o Brasil andar para a frente”.
Fonte: Portal CTB
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