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04/09/2021 Motociata de Santa Cruz do Capibaribe para Caruaru (PE) - Foto: Marcos Corrêa/PR 04/09/2021 Motociata de Santa Cruz do Capibaribe para Caruaru (PE) - Foto: Marcos Corrêa/PR
06/09/2021

CENTRÃO AMEAÇA BOLSONARO DIANTE DE RECESSÃO E BAIXA POPULARIDADE

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e dirigentes de partidos do centrão condicionam o futuro das relações com o governo ao comportamento que Jair Bolsonaro adotará nas manifestações do 7 de Setembro e nos dias posteriores aos protestos.

A apuração é da reportagem da Folha de S. Paulo baseada em conversas reservadas com membros da cúpula dos partidos interessados em publicar indiretas ao presidente. Essas conversas revelam que a baixa popularidade do presidente nas pesquisas de opinião pública e o agravamento da situação econômica criam riscos enormes para os partidos que apoiam o presidente frente à eleição que se avizinha.

Segundo a reportagem, integrantes da corte já enviaram recados a Bolsonaro e aos presidentes da Câmara e do Senado de que o avanço das negociações em busca de uma saída para o rombo dos precatórios, que ajudaria o governo a reformular o Bolsa Família, só deve ocorrer se o chefe do Executivo para de atacar o tribunal e os ministros. A medida é vista pelo STF como forma de apaziguar as relações entre poderes.

De outro, líderes de siglas do centrão que hoje dão sustentação a Bolsonaro passaram a ver o desembarque do governo no ano que vem quase como inevitável, diz a Folha, caso ele continue se comportando em desacordo com a democracia e o respeito aos três poderes.

A cúpula dos partidos faz um cálculo pragmático e eleitoral, baseado na queda vertiginosa de Bolsonaro nas pesquisas, com possibilidade de derrota para qualquer outro candidato. Além disso, o cenário desfavorável na economia em 2022 não dá sinais de reação relevante do governo.

A ideia das siglas não seria sair já, até porque as legendas que compõem o centrão, como PP, PL, Republicanos, entre outrostêm cargos na máquina federal e prioridade na liberação de emendas. Mas até em impeachment já se pensou, caso Bolsonaro tente sabotar o processo eleitoral, pois o tom entre eles é de que pode-se proteger o governo, mas não o presidente.

O próprio clima das ruas, que deve se expressar no 7 de setembro, pode ser usado a favor ou contra o presidente. Partidos aliados e Suprema Corte estão atentos ao que acontecerá nesta semana. Bolsonaro não dá sinais de distensionar, apenas acentua ainda mais as críticas ao Judiciário nas últimas horas e incita os manifestantes. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a afirmar que Bolsonaro seria o único a perder se houver tumulto na manifestação.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, teria passado a peregrinar nos gabinetes do Supremo, onde ouvir do ministro Gilmar Mendes que caso Bolsonaro não cesse os ataques ao tribunal, será difícil criar o ambiente favorável à solução dos precatórios. Dentro do governo, as fontes afirmam serem pessimistas em relação a esse tema.

Embora discordem das bravatas de Bolsonaro, ministros moderados avaliam que o Supremo, em especial Alexandre de Moraes, tem extrapolado suas competências e agido com abuso de autoridade ao prender Roberto Jefferson, por exemplo. Até ministros do Supremo mais isolados estão convergindo na defesa dos colegas e contra o governo.

Os organizadores começam a moderar o tom da manifestação, embora se contradigam. O Brasil Livre fala em evitar acusações de manifestação antidemocrática e envolvida em financiamento suspeito. Fala ainda em defesa do STF, desde que “dentro das quatro linhas da Constituição”. O Nas Ruas defende o voto impresso auditável e a liberdade de expressão. Alguns pensam em estratégias pacifistas para evitar criminalização do movimento. Mas há propostas radicalizadas também, assim como reivindicações genéricas e/ou absurdas, que não fazem sentido em termos legais, revelando o desconhecimento da dinâmica republicana. Alguns falam em só sair das ruas quando forem atendidos em suas reivindicações.

Fonte: Portal Vermelho

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