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17/03/2021

BOLSONARO, GUEDES E OS NOVOS “ANOS PERDIDOS” DA ECONOMIA BRASILEIRA

A exemplo do que ocorreu na “década perdida” de 1980, o Brasil da era Jair Bolsonaro e Paulo Guedes está às voltas com a estagflação. Conforme previsões de economistas, o PIB (Produto Interno Bruto) deve seguir estagnado neste semestre – o crescimento será pífio, podendo até mesmo haver uma nova recessão. Só que, mesmo com a economia parada ou cadente, projeções apontam para uma inflação superior a 7% ao ano na taxa acumulada em 12 meses.

Para além da pandemia de Covid-19 – que provocou uma recessão global –, o País paga a conta da trilha liberal, ensaiada no governo ilegítimo de Michel Temer (2016-2018) e intensificada na gestão Bolsonaro (a partir de 2009). Paulo Guedes, anunciado como superministro da Economia do governo atual, supostamente com amplos poderes, é a personificação do fiasco. O primeiro triênio bolsonarista é de novos “anos perdidos” para a economia brasileira.

“Já estamos, sim, num processo incipiente de estagflação”, confirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Para tentar reverter a situação, o governo apela para a provável elevação da taxa básica de juros (Selic) de 2% para 2,5% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira (16). Será a primeira elevação dos juros desde 2015.

Fabio Klein, da Tendências Consultoria, prevê queda de 0,6% do PIB no primeiro trimestre, frente ao fim de 2020, e de 0,9% no segundo. Ao fim do ano, chegaremos a uma alta do PIB de 2,7%, abaixo do crescimento herdado do último trimestre de 2020, de 3,6%. “A inflação acumulada em 12 meses vai bater 7,4% em julho. Ninguém tinha na conta que a inflação seria tão resistente”, diz ele, que vê preocupações com a crise da Covid-19 no País. “O ponto principal é a capacidade de controlar a epidemia”, resume.

Nos primeiros anos de seu governo, Bolsonaro não conseguiu alcançar o centro da meta da inflação. Confirmadas as projeções de inflação do Boletim Focus, do Banco Central, o IPCA fechará este ano em 4,6%, acima da meta, de 3,75%, repetindo 2019 e 2020, com crescimento médio muito baixo, em que pese a recessão de mais de 4%. Para João Alves, economista da Rio Bravo, o BC tende a subir juros logo.

Com isso, além da estagflação, começa a entrar no radar outro risco: a elevação de juros pelo BC não ter efeito no aumento de preços, formando um círculo vicioso: a dívida pública fica cada vez mais alta pela desconfiança dos investidores; o dólar, um dos maiores alimentadores da inflação, sobe; e os juros aumentam, pressionando a dívida. A rapidez da vacinação é fundamental para estancar o processo.

Fonte: Portal Vermelho

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