Informativo
EMPRESÁRIOS RECONHECEM NECESSIDADE DE VOLTA DO AUXÍLIO; GUEDES RESISTE
Com a nova onda de contágio da pandemia em meio a
um cenário de desemprego e inflação, fica cada vez mais clara a necessidade da
continuidade de alguma forma de proteção à população, seja por meio de uma
reedição do auxílio emergencial ou outro programa de transferência de renda.
Segundo Pesquisa Datafolha realizada nos dias 20 e 21 de janeiro, 69% dos
brasileiros que receberam o auxílio emergencial ainda não têm fonte de renda
que substitua o benefício.
Matéria publicada nesta terça-feira (26) pela Folha
de S. Paulo mostra que a necessidade de renovação do auxílio já é reconhecida por
entidades empresariais. Representantes da Fecomércio SP, Confederação Nacional
de Serviços (CNS) e Associação Brasileira de Varejo Têxtil (Abvtex)
reconheceram a necessidade da ação do poder público, com retorno do benefício.
Edmundo Lima, da Abvtex, defendeu ainda o resgate do programa do governo
federal que permitiu a redução de jornada e salário para evitar demissões.
O representante da Associação Brasileira das
Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse que é preciso ainda esperar o
desenvolvimento da pandemia para avaliar se o retorno do auxílio será
necessário. Os representantes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecções (Abit) e Confederação Nacional dos Transportes (CNT) defenderam,
respectivamente, ajuda dos governos estaduais e uma campanha de conscientização
sobre o vírus em vez de fechamento do comércio.
A discussão de um novo auxílio emergencial é
também um ponto de concordância entre os dois candidatos mais cotados para
levar a presidência da Câmara dos Deputados, o bolsonarista Arthur Lira (PP-AL)
e Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) que tem o apoio dos
partidos de oposição.
Em
resposta às pressões, tanto Jair Bolsonaro quanto Paulo Guedes têm adotado um
discurso escorregadio. Não descartam a possibilidade, mas buscam assegurar ao
mercado a manutenção do teto de gastos públicos e que qualquer benefício
concedido será temporário.
Nesta
segunda (25), Jair Bolsonaro disse que “auxílio emergencial não é
aposentadoria” a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. “A palavra é
emergencial. O que que é emergencial? O que não é duradouro, não é vitalício,
não é aposentadoria. Lamento muita gente passando necessidade, mas a nossa
capacidade de endividamento está no limite”, declarou.
Hoje, em evento virtual com investidores
internacionais, Paulo Guedes disse que a recriação do auxílio implicaria no
congelamento de despesas em áreas como educação e segurança pública. “Nós temos
que ter muito cuidado. Quer criar o auxílio emergencial de novo, tem que ter
muito cuidado, pensa bastante. Porque se fizer isso não pode ter aumento
automático de verbas para educação, para a segurança pública”, afirmou.
No
mesmo evento, Jair Bolsonaro se comprometeu com o teto de gastos e prometeu
acelerar privatizações, em uma tentativa de de acalmar o mercado após seu
candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) não ter garantido a
votação da privatização da Eletrobras e o presidente da estatal, Wilson
Ferreira Júnior, ter anunciado sua demissão.
Jair
Bolsonaro tem interesse pessoal na questão do auxílio emergencial,
principalmente após perder a guerra da vacina contra a Covid-19 para seu maior
adversário político, o governador de São Paulo, João Doria. Ele sabe que deve o
aumento de sua popularidade ao benefício, cujo encerramento já começou a
refletir em perda de apoio em pesquisas de opinião.
No entanto, também lhe é
cara a sustentação do empresariado, que, por enquanto, ainda dá um voto de
confiança à agenda liberal de Paulo Guedes. Em uma sinuca de bico, Bolsonaro
vai acendendo uma vela para Deus e outra para o diabo. Caso reedite o auxílio,
está claro que será em moldes liberais – um valor bem menor do que os R$ 600 ou
mesmo R$ 300 anteriores, direcionado a uma parcela menor da população. Caberá,
portanto, ao Congresso Nacional lutar para que os brasileiros tenham a proteção
adequada para atravessar mais uma onda da pandemia.
Fonte: Portal Vermelho
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