Informativo
ENFRAQUECIDO, GUEDES VATICINA HIPERINFLAÇÃO E RECLAMA DE PRIVATIZAÇÕES
Por
Mariana Branco
Enquanto o país está preocupado com as
eleições municipais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, está nervoso. Ele
sabe que, passado o pleito, uma série de questões em suspenso vão se definir.
Na batalha que se seguirá, o time do ministro está enfraquecido. Ciente disso,
Guedes decidiu apelar para afirmações um tanto quanto dramáticas. Em dois dias,
disse duas vezes que há risco da volta da hiperinflação, um fantasma que
assombrou os brasileiros na década de 1980. Além disso, revelou sua frustração
por não conseguir tocar as privatizações.
As primeiras declarações aconteceram nesta
quarta (11), em um evento organizado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Guedes afirmou que o Brasil pode ir para “uma hiperinflação muito rápido”, caso
não consiga rolar sua dívida com urgência. Além disso, citou “acordos
políticos” na Câmara e no Senado como entraves à agenda de privatizações.
“Estou bastante frustrado com o fato de
estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido ainda vender nenhuma estatal.
Por isso, um secretário nosso foi embora, Salim Mattar, que deixou o ministério
em agosto. Precisamos recompor nosso eixo político para fazermos as
privatizações prometidas na campanha”, afirmou o ministro.
Nesta quinta (12), em um evento da Associação
Brasileira de Supermercados (Abras), voltou a prever um cenário de
hiperinflação. O ministro disse que “o modelo baseado em gastos públicos já nos
levou duas vezes à hiperinflação” e declarou que o país não pode continuar
gastando além de sua capacidade financeira por “covardia e politicagem”.
Guedes vem progressivamente perdendo espaço
no governo de Jair Bolsonaro. A fritura do superministro começou com tensões
internas, com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho,
defendendo um programa “gastador” de obras públicas, contando com a simpatia da
ala militar. Com o impulso dado à popularidade de Bolsonaro pelo auxílio
emergencial e a aproximação do presidente com o Centrão, a situação piorou.
O presidente é movido pela obsessão pela
reeleição e está começando a compreender que a agenda de austeridade pode ser
um entrave ao projeto. Interessada em cargos nas estatais e não menos
preocupada com votos, sua nova base de apoio no Congresso o apoia nessa
postura.
Segundo o economista Paulo Kliass, não
contribuem para a credibilidade de Guedes junto a Bolsonaro os resultados
pífios que o ministro da Economia entregou até agora. “Você começa a ter um
processo de frustração política. Guedes era o cara que ia oferecer a redenção
completa de todos os malefícios que o PT teria causado ao país, segundo a visão
deles. No ano de 2019, em que poderia fazer o que quisesse, devido à força do
presidente em um primeiro ano do governo, entregou um ‘pibinho’ de 1,1%. Todo
aquele discurso que ia privatizar as empresas, bancos públicos, não conseguiu
fazer nada”, destaca.
FLEXIBILIZAÇÃO
DO TETO DE GASTOS É INEVITÁVEL
Kliass observa que, passadas as eleições,
será o momento de resolver questões práticas que tanto o governo quanto o
Congresso Nacional vêm empurrando com a barriga. A mais premente é o teto de
gastos. “Tem coisas concretas, o que fazer com a emenda do teto de gastos. Está
claro que, de alguma maneira, vai ter que ter essa flexibilização”, comenta.
Para o economista, o governo vem lançando
balões de ensaio para encontrar um jeito de garantir recursos e, ao mesmo
tempo, se safar da pecha de “gastador”. “O primeiro balão de ensaio é estender
a situação de calamidade. O segundo, vamos fazer um programa de microcrédito da
Caixa Econômica Federal. Que é uma jogada malandra, pois, se você faz essa
alternativa, faz chegar os recursos [à população] sem aparecer como despesa. É
uma forma disfarçada de promover algum tipo do auxílio também tentando fugir do
aumento de despesa. E o último balão de ensaio é esse que o Guedes veio agora.
Se tiver uma segunda onda [da Covid-19], a gente prorroga o auxílio
emergencial”, comentou, referindo-se a uma declaração de Guedes também no
evento da Abras hoje.
Na avaliação de Kliass, será inevitável
alguma forma de flexibilização do teto, diante da gravidade da crise econômica.
“A partir de janeiro, acabou o auxílio emergencial e podemos ter um quadro
grave de convulsão social. Os índices mostram que a inflação mais elevada é a
dos alimentos e outros bens de consumo da população de baixa renda”, comenta.
SEM
RISCO DE HIPERINFLAÇÃO
O economista acredita que o próprio ministro
já precificou a flexibilização do teto, mas as afirmações alarmistas são uma
tentativa de manter viva a agenda de austeridade mesmo nessas circunstâncias.
São recados para o Congresso e para o mercado, para que pressione os
parlamentares. Quanto à hiperinflação por aumento de gastos, Kliass não vê um
risco presente.
“O Brasil está enfrentando algumas
dificuldades de aumento de preço, mas nada tem a ver com hiperinflação. A gente
está enfrentando a maior recessão da nossa história. Normalmente, em período de
recessão, você tem até queda de preços. O que está acontecendo agora é
conjuntural. Porque temos a alta do dólar e o governo fez uma opção de acabar
com a política de estoques regulatórios”, afirmou.
Fonte:
Portal Vermelho
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