Informativo
SEM RESPOSTA À ALTURA DE BOLSONARO, DESEMPREGO DISPARA SOB A PANDEMIA
A
primeira pesquisa de desemprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) que pegou três meses completos de pandemia no Brasil trouxe uma
sucessão de recordes negativos. Com negligência do governo Jair Bolsonaro, 8,9
milhões de brasileiros perderam o trabalho no período. Sem respostas à altura
da crise, o presidente prejudicou os trabalhadores com medidas como a demora em
liberar o auxílio emergencial e o abandono das micro e pequenas empresas.
Segundo
o IBGE, a perda em empregos é a maior desde que a pesquisa começou a ser
realizada no formato atual, em 2012. O País fechou o segundo trimestre com o
menor número de pessoas empregadas da série histórica. A taxa de desemprego foi
a 13,3%, alta de 1,1 ponto percentual com relação ao trimestre anterior e a
maior para um segundo trimestre.
A
taxa de subutilização também foi recorde, assim como o número de pessoas
desalentadas – aquelas que gostariam de trabalhar mas desistiram de buscar por
uma vaga. Os resultados da pesquisa reforçam ainda a percepção de que a
pandemia afetou de maneira mais dura trabalhadores menos qualificados e
informais.
De
acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em junho, 83,3 milhões de brasileiros
tinham trabalho – 9,6% a menos do que nos três primeiros meses do ano. Já entre
aqueles fora da força de trabalho atingiu o maior contingente da série, com
77,8 milhões de pessoas, ou 10,5 milhões a mais do que no trimestre anterior.
Em
maio, a pesquisa indicou pela primeira vez que mais da metade da população em
idade de trabalhar estava sem emprego. Em junho, a situação se agravou: apenas
47,9% dos brasileiros tinham alguma ocupação.
O
comércio foi o setor mais atingido, com o fechamento de 2,1 milhões de postos
de trabalho. Na construção civil, foram 1,1 milhão a menos. Entre os empregados
domésticos, houve 1,3 milhão de demissões.
A
categoria alojamento e alimentação também teve redução de 1,3 milhão de
pessoas. Nesta categoria estão hotéis, restaurantes e os vendedores de comida
na rua, por exemplo. O setor de serviços é o único grande setor da economia que
ainda não mostrou sinais de retomada.
Em
outras crises econômicas, ocupações informais se tornaram alternativas à perda
do emprego com carteira assinada. Agora, porém, a taxa de informalidade cai,
mesmo com o fechamento de vagas. Em junho, segundo o IBGE, o índice chegou a
36,9%, a menor da série histórica.
“Essa
taxa é menor não porque os trabalhadores estão migrando para a formalidade, mas
porque eles estão perdendo a ocupação”, disse a analista da pesquisa, Adriana
Beringuy. Os dados mostram que a queda no número de trabalhadores foi maior
entre aqueles sem vínculo do que entre os com carteira assinada.
No
setor privado, por exemplo, os trabalhadores informais recuaram 21,6%, enquanto
os formais caíram 8,9%. Entre os trabalhadores domésticos também houve grande
diferença. No grupo dos que têm carteira assinada, o número de trabalhadores
recuou 13,9%. Entre os informais, o corte foi de 23,7%.
O
aumento da renda média do trabalhador, que subiu 4,6% para R$ 2.500, é outro
indicador de que os trabalhadores menos qualificados sofrem mais os efeitos da
crise, pois indica que os maiores salários estão sendo mais preservados.
“No
curto prazo, estamos no breu – estamos no porão do buraco”, diz o economista
Otto Nogami, do Insper, para quem a lenta retomada da indústria e do comércio
não serão suficientes para reverter o cenário desolador no mercado de trabalho.
“A base de comparação está extremamente baixa. A indústria automobilística
cresceu 80% [em junho] mas chegou a ter apenas 13% da capacidade. Em vários
setores, ainda estamos abaixo do pior momento da história.”
Nogami
avalia que o mercado de trabalho seguirá pressionado pelo fechamento de
pequenas empresas com dificuldades de caixa para manter as portas abertas e
pela baixa confiança do consumidor. “A gente observa nos shoppings que as
pessoas estão meio reticentes. Vão por necessidade, mas não para gastar por
gastar.”
Com
o isolamento social, muitos brasileiros desistiram de ir às ruas atrás de uma
vaga, levando o número de desalentados a crescer 19,1%, para 5,7 milhões de
pessoas. A população subutilizada chegou a 31,9 milhões de pessoas, 15,7% a
mais do que no trimestre anterior.
Pela
primeira vez na história, a força de trabalho potencial – que soma as pessoas
em idade de trabalhar que não tinham emprego nem estavam em busca de uma vaga –
ultrapassou o número de pessoas desempregadas. São 13,5 milhões de pessoas
nessa situação.
Muitos
deles, diz o instituto, deixaram de procurar emprego por causa da pandemia.
Quando voltarem ao mercado em busca de vaga, devem pressionar a taxa de
desemprego para níveis ainda superiores aos atuais. “Isso vai depender muito de
como o mercado vai demandar esses trabalhadores. A oferta de mão de obra vai
existir. Mas, se essas pessoas serão alocadas, a gente não sabe”, disse a
analista do IBGE.
A expectativa do governo é que, com o fim do auxílio emergencial – que deve ser pago apenas mais este mês –, a taxa dê um repique em setembro, o que demandaria maior atenção a políticas sociais. Nesta quarta (5), porém, o próprio Bolsonaro já afirmou que “não dá para continuar muito” o benefício. Novos recordes negativos virão.
Com informações da
Folha de S.Paulo
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