Informativo
Adilson Araújo: Por que defender o fortalecimento do movimento sindical?
As forças conservadoras dispõem de meios
poderosos para empreender um combate sem tréguas contra as lutas sociais e, em
particular, a organização sindical, que busca desmoralizar e destruir
diuturnamente através da mídia burguesa e outros meios. Não é por outra razão
que o golpe de Estado de 2016, um golpe do capital contra o trabalho cujo
principal objetivo é a restauração do neoliberalismo no Brasil, fez da classe
trabalhadora e dos sindicatos seus principais alvos e vítimas.
A contrarreforma trabalhista é um atentado
contra o Direito do Trabalho, a CLT e a própria Constituição de 1988. Para que
se transforme em realidade sem maiores traumas faz-se necessário golpear as
entidades sindicais. Foi com este objetivo que entre as mudanças introduzidas
na legislação trataram de incluir também o fim da Contribuição Sindical, pela
qual é descontado dos assalariados o valor equivalente ao que recebe por um dia
de trabalho com a finalidade de financiar a ação sindical.
A UNIÃO
FAZ A FORÇA
A lógica da direita neoliberal é simples e
cristalina: com o movimento sindical enfraquecido a resistência à ofensiva
contra os interesses da classe trabalhadora - em relação não só à CLT como à
Previdência e muitos outros temas – será facilmente neutralizada.
Há muito se sabe que o trabalhador isolado é
completamente impotente frente ao capital. A força da classe reside em sua
união e ação coletiva através dos sindicatos e partidos políticos que a
representam, além de outros movimentos sociais. As conquistas tornam-se perenes
quando transformadas em leis e defendidas com ardor não por um indivíduo ou
outro mas pelo conjunto da classe.
Compreende-se, assim, que o conteúdo básico
da contrarreforma trabalhista, refletido na prevalência do negociado sobre o
legislado e outros itens, seja a tentativa de individualizar as contratações e
negociações em detrimento da ação coletiva e organizada. O capitalista tem
plena consciência da impotência do trabalhador isolado, assim como da força
extraordinária da ação coletiva da classe, verificável nas greves e em
particular na greve geral, que engloba o conjunto das categorias.
Para a direita neoliberal os sindicatos devem
ser enfraquecidos, neutralizados e se possível destruídos. Em contraposição, os
trabalhadores e trabalhadoras dotadas de consciência de classe sabem que é
necessário fortalecer a organização sindical para preservar direitos e avançar
na conquista de condições mais humanas e justas de trabalho.
INSTRUMENTO
DE LUTA
A mídia empresarial, que teve papel central
no golpe de Estado que conduziu Temer e Cia ao Palácio do Planalto, procura
incutir no trabalhador uma cultura antissindical, desmoralizando e demonizando
suas lideranças, apresentando-as como oportunistas e aproveitadores que
utilizam a Contribuição Sindical em benefício próprio.
A imagem forjada na mídia sobre o
sindicalismo e os sindicalistas é fundamentalmente falsa e unilateral, compondo
uma campanha ideológica cujo objetivo é afastar as bases da ação sindical e de
seus dirigentes. Isto enfraquece a luta comum em defesa dos interesses e
direitos da classe, hoje sob intenso bombardeio dos neoliberais.
São os sindicatos, expressão da ação
organizada da classe, que garantem aos trabalhadores e trabalhadoras as
conquistas e o efetivo cumprimento da legislação. São o instrumento para a luta
coletiva contra a exploração capitalista, bem como as arbitrariedades e abusos
cometidos pelo patronato contra os assalariados.
Fortalecer os sindicatos é, portanto, um
pressuposto para a boa condução da luta dos trabalhadores e trabalhadoras.
Enfraquece-los, como é claramente o propósito da contrarreforma trabalhista
sancionada por Temer, significa reduzir ou fragilizar a capacidade de
resistência e luta das categorias, o que beneficia os interesses do capital em
detrimento do trabalho.
INTERESSE
NACIONAL
É preciso acrescentar que o movimento
sindical não luta apenas pelos interesses corporativos da categoria, mas abraça
uma causa maior estreitamente vinculada à melhoria de vida dos trabalhadores e
trabalhadores, o desenvolvimento nacional, a valorização do trabalho, a
afirmação da soberania nacional e da democracia. Um Brasil próspero,
democrático, soberano e voltado para o bem estar do seu povo depende de
sindicatos fortes. Estes estão em sintonia com os interesses nacionais.
Por esta razão, desde sua fundação em
dezembro de 2007 a CTB sempre defendeu a Contribuição Sindical, assim como a
unicidade e tomou posição firme em oposição às mudanças propostas e impostas
pela direita neoliberal e seu governo ilegítimo. Urge realizar uma ampla
campanha de conscientização e mobilização das bases contra a tentativa de
desmonte da organização sindical.
Ao mesmo tempo em que denuncia firmemente o
caráter reacionário e anticonstitucional das mudanças sancionadas por Temer,
lutando pela anulação e reversão da contrarreforma, a CTB também defende as
alternativas propostas unitariamente pelo Fórum das Centrais para o
financiamento do movimento sindical, de forma a garantir não apenas sua
sobrevivência como seu fortalecimento, maior ligação com as massas trabalhadoras,
ampliação da credibilidade e representatividade.
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